Sexta, 3 de abril de 2015
Os petistas José Dirceu, Erenice
Guerra e Antonio Palocci chefiaram a Casa Civil da Presidência. Os três
ficaram milionários depois de deixar o governo. Como esse milagre foi
operado? A polícia começa a descobrir
Por: Rodrigo Rangel e Robson Bonin — Revista Veja
O poder do chefe da Casa Civil da Presidência da
República, como quase tudo no governo do PT, é uma relação incestuosa entre o
partido e o Estado. José Dirceu, que foi ministro da Casa Civil na fase inicial
do primeiro mandato de Lula, já abriu os trabalhos ampliando os poderes de sua
pasta. Ele comandava a máquina partidária e vendeu aos radicais a ideia de que
Lula só se elegeria em 2002 com a suavização do discurso socialista estatizante
e hostil ao livre mercado. Deu certo, e a figura de leão vegetariano colada a
Lula funcionou na costura das alianças e nas urnas. Em retribuição, José Dirceu
tornou-se superministro, condição que alardeava aos quatro ventos com variações
desta frase: "Ele é o presidente, mas quem manda no governo sou eu".
Dirceu e a Casa Civil foram os guardiões e os fiadores dos acertos e
compromissos firmados com políticos poderosos e grandes empresários. Parte
desse enorme poder encarnado por Dirceu na Casa Civil foi passada a seus
sucessores na pasta. Com o poder, tornou-se hereditário também o hábito de o
titular usar o ministério como balcão de negócios e, uma vez fora, lançar mão
de sua influência junto a quem ficou para continuar operando.
Qualquer negociação estratégica com o setor produtivo e o
Congresso passa necessariamente pela Casa Civil, que, com mais ou menos
delegação, dependendo da circunstância, representa a vontade do presidente na
definição de obras de infraestrutura, liberação de linhas de crédito em bancos
oficiais, vetos e indicações para os mais altos cargos da administração
pública. Dos seis ministros que assumiram a Casa Civil nos últimos doze anos,
três nutriram o sonho de chegar à Presidência. Dilma Rousseff conseguiu, José
Dirceu e Antonio Palocci foram abatidos em pleno voo, e Aloizio Mercadante, o
atual ministro, mesmo no alvo do fogo amigo, mantém-se firme no curso.
Leia a íntegra em:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-segredo-da-casa-civil