Sábado, 14 de maio de 2016
Do Esquerda.Net
“Trabalhadores lutam para se
adaptar a esta negação de uma necessidade humana básica. Urinam e
defecam enquanto se encontram na linha de produção, usando fraldas para
trabalhar", denuncia a Oxfam.
"Supervisores dos aviários recusam que os trabalhadores deixem a linha de produção para ir à casa de banho", acusa a ONG Oxfam.
"A
grande maioria" dos 250 mil trabalhadores do setor aviário
norte-americano é ridicularizada, ignorada ou ameaçada com despedimento
quando pede para ir à casa de banho, "não beneficiando de pausas
adequadas" para o efeito, no que constitui uma "clara violação das leis
norte-americanas de segurança no trabalho".
"Os trabalhadores lutam para se adaptar a essa negação de uma
necessidade humana básica. Urinam e defecam enquanto se encontram na
linha de produção, usando fraldas para trabalhar", refere o relatório divulgado pela filial da organização não-governamental Oxfam nos Estados Unidos.
A organização cita um inquérito realizado junto de 266 trabalhadores
em Alabama, por uma associação que luta contra a discriminação, em que
"quase 80% afirma que não lhes é permitido fazer pausas para ir à casa
de banho quando precisam"; e outro no Minnesota, que revelou que "86%
dos trabalhadores disse ter menos de duas pausas para ir à casa de banho
numa semana", sublinha a Oxfam.
Segundo a organização, os poucos funcionários que indicaram poder ir à
casa de banho sempre que precisam trabalham em unidades sindicalizadas,
perfazendo aproximadamente um terço do total.
Os supervisores dos aviários recusam que os trabalhadores deixem a
linha de produção para ir à casa de banho porque se encontram sob
elevada pressão para manter a produção ou cumprir quotas diárias, refere
o estudo divulgado pela Oxfam.
"Enquanto a indústria aviária goza hoje de lucros recordes (...), a
realidade da vida no interior das fábricas de processamento permanece
penosa e perigosa", sustenta a Oxfam, falando dos "baixos salários", de
"elevadas taxas de lesões e doenças" e das "difíceis condições de
trabalho" dos funcionários, que "têm pouca voz".
A Tyson, um das maiores empresas do setor das aves no mundo, afirmou,
em comunicado, que "não irá tolerar a recusa de pedidos para
deslocações à casa de banho" nas suas fábricas.
"Estamos preocupados com estas queixas anônimas e embora não tenhamos
atualmente provas de que são verdadeiras, estamos a verificar [a
situação] para ter a certeza de que a nossa posição se encontra a ser
seguida", indicou.