Quarta, 4 de maio de 2016
André Richter – Repórter da Agência Brasil
Em um procedimento que tramita de forma sigilosa, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) autorização para iniciar uma investigação contra a
presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
O pedido é
baseado na delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (MS).
Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta e Lula de terem
interesse em nomear, no ano passado, o ministro do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) Marcelo Navarro para barrar as investigações da Operação
Lava Jato e libertar empreiteiros presos. Na época, Cardozo ocupava o
cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à
Presidência da República nomes de possíveis candidatos.
Caberá ao
ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo,
decidir sobre a abertura do pedido de investigação. Ainda não há data
para a tomada da decisão.
Outro lado
Em
março, após a divulgação dos primeiros trechos da delação de Delcídio,
Marcelo Navarro declarou que nunca favoreceu investigados na Lava Jato.
"Tenho a consciência limpa e uma história de vida que fala por mim",
disse o ministro, na ocasião.
O advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo, divulgou nota dizendo que as declarações do senador
Delcídio do Amaral são “levianas e mentirosas”. Para Cardozo, “a
abertura de inquérito irá demonstrar apenas que o senador, mais uma vez,
faltou com a verdade, como aliás já anteriormente havia feito quando
mencionou ministros do Supremo Tribunal Federal na gravação que ensejou a
sua prisão preventiva”.
Cardozo também lamentou que, “mais uma
vez, um inquérito silogoso tenha sido objeto de vazamento antes mesmo
que quaisquer investigações pudessem ser feitas em relação às inverdades
contidas na delação premiada do Senador”.
O Instituto Lula
disse, em nota, na época da divulgação da delação do senador Delcídio do
Amaral, que o ex-presidente jamais participou direta ou indiretamente
de qualquer ilegalidade e que tem havido “jogo de vazamentos ilegais,
acusações sem provas e denúncias sem fundamentos”.
* Colaborou Ivan Richard