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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) assina nota pública em defesa da política de classificação indicativa

Terça, 10 de outubro de 2017
Do MPF
Manifesto lançado por mais de 50 instituições reafirma modelo de corregulação, focado na liberdade de expressão, rechaço à censura e garantia dos direitos da criança e do adolescente
PFDC assina nota pública em defesa da política de classificação indicativa
Imagem: www.classificacaoindicativa.org.br
Quase 50 instituições públicas, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e entidades ligadas à proteção dos direitos humanos – incluindo a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal, – lançaram na segunda-feira (9) nota pública em defesa da manutenção da política brasileira de classificação indicativa de obras audiovisuais.

A manifestação contrapõe declarações feitas pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em que criticou o Sistema de Classificação Indicativa no Brasil.
De acordo com as entidades que assinam a nota, ao contrário do que o ministro afirmou, não há “uma repartição em Brasília para dizer a idade em que se pode assistir a novela e cinema no país”. O modelo de classificação vigente, regrado pela Portaria MJ nº 368/2014, opera segundo o princípio da corregulação, priorizando o processo de autoclassificação de conteúdos. Dessa forma, está majoritariamente nas mãos dos próprios produtores das obras audiovisuais a prática classificatória, cabendo à equipe da Coordenação de Classificação Indicativa, órgão vinculado à Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania do Ministério da Justiça, realizar o monitoramento do sistema.

“A efetividade desse modelo é evidenciada, em especial, pelos indicadores relativos à autoclassificação das séries e telenovelas, que apontam para pouquíssimos casos de divergência entre aquilo que as emissoras definem e a ação de supervisão exercida pelo Ministério. Esse contexto harmonioso que predomina entre as partes envolvidas nos procedimentos relativos à política é corroborado pela pesquisa 'Classificação Indicativa nos Tribunais: elementos jurídicos da política', produzida pela FGV Direito-SP, a qual registra um grau mínimo de litigiosidade em torno do sistema em vigor no país”, destaca o texto.

De acordo com a PFDC e as demais instituições que assinam o documento, o modelo brasileiro de Classificação Indicativa conta com o reconhecimento de autoridades como o Relator Especial sobre a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão das Nações Unidas (ONU) e o Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), precisamente por estar alinhado aos padrões internacionais para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes no campo da comunicação de massa.

“A política de Classificação Indicativa é um dos raros exemplos de prática de corregulação efetiva no campo da mídia hoje em vigor no Brasil. Ela é bem sucedida ao dar vazão aos princípios constitucionais de preservação da liberdade de expressão, rechaço à censura e garantia dos direitos da criança e do adolescente”, reforça a nota pública

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