Quinta, 19 de outubro de 2017
Do blog O Real não se vê
Por Nildo Ouriques
Carta aos militantes do PSOL (II)*
A crise brasileira se aprofunda e
o regime político exibe todos os dias sua podridão. A recente absolvição de
Aécio Neves no senado e, da mesma forma, as sucessivas compras de votos e negociatas
do liberal Temer para se manter no Planalto, revelam claramente que nada
podemos esperar de um parlamento repleto de ladrões e corruptos. Na economia, o
desemprego elevado e os baixos salários condenam milhões ao abismo social. No
entanto, a rapinagem sobre o Estado, as privatizações, os subsídios, a isenção
de impostos, o perdão e/ou refinanciamento a longo prazo de dívidas de
empresários e latifundiários engordam a burguesia brasileira. Não há recursos
para garantir a previdência social, repete todos os dias o governo. Tampouco há
recursos para superar a crise dos estados e municípios que sequer podem assegurar
salários a professores, médicos e funcionários públicos, obrigados por Meireles
e Temer a pagar uma dívida ilegítima e interminável. No entanto, sobram recursos para a festa dos
empresários!
Quando lançamos nossa pré-candidatura
em agosto passado, alertamos para o inevitável aprofundamento da crise e o
papel protagônico reservado ao PSOL nesta conjuntura. É um desafio enorme, sem
dúvida. A cada dia nosso prognóstico se confirma com a situação econômica e a
crise política insinuando-se sem fim, mas sob controle da classe dominante. Neste
contexto, o estimado companheiro Chico Alencar, parlamentar e militante exemplar,
será senador no Rio de Janeiro e contará com o entusiasmo e apoio de nossos
militantes. Não tenho dúvidas que a batalha eleitoral no próximo ano, aliada a
nossa intensa militância social nos movimentos sociais, indicará que a luta
pela Revolução Brasileira não admitirá a conciliação de interesses que levou o
sistema político de petistas e tucanos para sua agonia final e, em consequência,
criou uma grave crise econômica e política que penaliza gravemente a imensa
maioria de nosso povo. Afirma-se, portanto, a necessidade de uma candidatura
anti-sistêmica, sem ambiguidades, capaz de mobilizar milhões para a práxis política
renovada e combativa em torno de nosso programa de transformação social.
Neste contexto, o PSOL deve
afirmar cada dia com mais clareza o sentido de sua existência. Nosso protagonismo
nasce precisamente das necessidades de milhões de brasileiros afundados no
desespero da crise criada pelo petismo em aliança com os tucanos. A crise atual
– política, econômica, social, cultural e moral – nasce da administração
petucana do Plano Real: internacionalização da economia, crise financeira do
estado, crise fiscal, roubo e corrupção sistêmica. O PSOL não mantém qualquer
compromisso com estas práticas e nasce para indicar uma saída popular para esta
crise estrutural. Portanto, reafirmo meu
compromisso com um programa de transformação social que não esconda do povo
nossa grave crise social e que tampouco simule falsas alternativas. Agora, mais
do que em outros tempos, necessitamos um programa capaz de superar a crise em
favor das maiorias, sem qualquer conciliação com a classe dominante e seus
políticos vulgares.
Portanto, é hora da militância! É
hora da clareza de objetivos! É hora de honrar nossa tradição de socialistas
empenhados em fortalecer coletivamente o PSOL como partido do socialismo e da
liberdade. É, sem dúvida, uma hora da Revolução Brasileira.
Adiante e à esquerda, sempre!
Vai meu abraço!
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*Leia a primeira Carta aberta à militância do PSOL