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(Millôr Fernandes)

domingo, 10 de dezembro de 2017

Greenpeace vaza documentos secretos e tenta derrubar acordo Mercosul - União Europeia

Domingo, 10 de dezembro de 2017
De acordo com a ONG, o tratado aumentará o desmatamento nos países do Mercosul pela expansão da pecuária e de certas plantações

Do Portal ContextoExato, C/Not.Agricolas-Foto pública

A organização ambientalista internacional Greenpeace divulgou na quarta-feira (6), na Europa, documentos secretos sobre as negociações do tratado de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

Os papéis vazados pelo escritório da sede do Greenpeace na Holanda, que incluem 171 páginas, apresentam detalhes sobre algumas das propostas do acordo entre as partes e o impacto ambiental que significará o aumento das importações de carne e de grãos como a soja para a UE. A organização afirma que três ecossistemas naturais serão especialmente ameaçados: a Amazônia, o Cerrado e o Chaco, que inclui partes da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai.


O Greenpeace acusa a União Europeia de não zelar pelo meio ambiente nas negociações do futuro acordo que as partes pretendem fechar antes do fim deste ano.

O que beneficiaria o setor rural brasileiro em detrimento do agro subsidiado europeu, mas o Greenpeace pressiona contra.

A ONG internacional afirma no documento que as importações de carne dos países do Mercosul para a UE poderiam aumentar entre 100% e 200%. Isso permitiria que a UE compre mais carne dos países do Mercosul o que prejudicaria o meio ambiente nos países latino-americanos.

O Greenpeace afirma que as importações em massa de carne do Mercosul poderão acabar com a pecuária em países como Portugal e Espanha. De acordo com a ONG, nesses países a pecuária extensiva é sustentável. "A Espanha é numerosa em habitats rurais que convivem em equilíbrio com um tipo de criação de gado tradicional e sustentável, que poderia desaparecer", disse à Agência EFE o porta-voz do Greenpeace na Espanha, Miguel Ángel Soto.

Soto assegurou que muitos ecossistemas da Península Ibérica "dependem em grande medida da sobrevivência da criação extensiva de gado" e que a pecuária europeia tem grande importância ecológica ao contrário da carne produzida no Mercosul.

Quanto ao comércio de soja, as importações dos países do Mercosul à UE aumentarão de 1% a 3% com o acordo, segundo especialistas. Além disso, os documentos vazados pelo Greenpeace sugerem a existência de uma proposta da UE para proibir os impostos à exportação, o que levaria a Argentina a eliminar as taxas sobre a exportação de soja e incentivaria os agricultores sul-americanos a plantar mais.

A UE e o Mercosul trocaram ontem novos documentos de ofertas de acesso aos mercados em mais uma rodada de negociações para tentarem fechar um acordo de associação antes do fim deste ano. As ofertas sobre o acesso aos mercados de carne bovina, soja e etanol figuram entre as ameaças apontadas pelo Greenpeace.

Para Soto, até que as questões relativas à proteção ambiental sejam abordadas corretamente no conteúdo do acordo, "as negociações sobre o tratado não deveriam continuar avançando".

O principal produto que os países do Mercosul exportam à UE é a soja, que representa 22% do valor das exportações. O grão é utilizado na UE para a alimentação de gadoconfinado e está presente no 67% das rações de engorda.