Foto arquivo blog Gama Livre
O que já foi um dos melhores
hospitais do Brasil, tanto em estrutura, arquitetura, instalações,
equipamentos, e equipe médica, chega aos 52 anos na UTI. Respira por aparelhos.
Mas ainda pode ser salvo.
Seguidos governos, por
incompetência —ou má fé— sucatearam o nosso querido Hospital Regional do Gama,
o amado HRG. Ultrapassa ele a marca de meio século aos trancos e barrancos,
mais trancos do que barrancos.
Daí as perguntas que não querem
calar sobre o comemorar que se programou para esta manhã de segunda-feira, 11
de março de 2019:
— Comemorar o quê?
— Comemorar o sucateamento do
hospital?
— Comemorar a falta de médicos em
todas as unidades? Nesta madrugada de segunda (11/3), por exemplo, na Clínica Médica do Pronto Socorro há apenas um médico, e está prestando atendimento nos boxes. Tem gente esperando na sala de espera do PS há mais de quatro horas.
Vídeo incluído nessa postagem às 2h30 desta segunda (11/3)
O contribuinte-eleitor-sofredor que fez as duas filmagens acima do caos do HRG nesta madrugada de segunda-feira (11/3/2019), está indo neste momento para o Hospital Regional de Santa Maria, DF, procurar atendimento médico. É que não conseguiu no Gama. Este segundo vídeo foi incluído nesta postagem às 3h20.
P.S.: Não conseguiu também atendimento em Santa Maria. Agora, 3h30 desta madrugada do dia 11/3/2019, tomou o rumo de Goiás.
Vídeo incluído nesta postagem às 3h57.
P.S.: Não conseguiu também atendimento em Santa Maria. Agora, 3h30 desta madrugada do dia 11/3/2019, tomou o rumo de Goiás.
— Comemorar a falta de técnicos de
enfermagem?
— Comemorar a falta de enfermeiros?
— Comemorar a falta de
padioleiros?
— Comemorar a falta de técnicos administrativos?
— Comemorar a falta de macas?
— Comemorar a falta de remédios,
mesmo os mais simples e baratos?
— Comemorar a falta de insumos e
também materiais para exames de laboratório?
— Comemorar a falta de
instrumentos para examinar o paciente?
— Comemorar a falta de cadeiras de
rodas?
— Comemorar a falta de macas?
— Comemorar os corredores cheios de pacientes?
— Comemorar os corredores cheios de pacientes?
— Comemorar o banho frio de pacientes, inclusive na unidade de cardiologia e no Centro Obstétrico? Comemorar o uso do perigosíssimo 'mergulhão para esquentar água?
— Comemorar a falta disso tudo aí,
mesmo tendo o governo do DF declarado estado de emergência na saúde?
— Comemorar o sofrimentos das
pessoas que batem à porta do HRG atrás de atendimento para suas dores e doenças
e descobre que a porta é que bate em sua cara? Pela falta dos itens apontados
nas perguntas logo acima.
— Comemorar o sofrimento dessas
pessoas que é de, até mesmo numa madrugada fria e chuvosa, ter que procurar
socorro médico em unidades de saúde de Valparaíso e Novo Gama, no chamado
Entorno Sul de Brasília? Pois o Pronto Socorro do HRG está quase que
diariamente funcionando com a “bandeira vermelha”, isto é, só atende casos
gravíssimos e urgentíssimos.
— Comemorar o nascimento de bebês
no chão do Centro Obstétrico? Centro que, por sua vez, o governo passado tentou fechar?
É isso que querem comemorar?
— Comemorar a angústia, o stress,
e muitas vezes o desespero dos servidores do HRG, por viverem num ambiente que
dificulta o desempenho, a efetividade, do exercício de suas funções
profissionais em favor do usuário da saúde pública?
Foto arquivo Blog Gama Livre
— Comemorar o aniversário do
fechamento do Pronto Atendimento Infantil (PAI)?
— Comemorar o aniversário do
fechamento da maior e melhor Pediatria que havia na rede de saúde oficial do governo
do DF?
— Comemorar quase que o primeiro
ano de desmonte e retirada do HRG dos equipamentos e móveis desses setores (Pediatria e PAI) tão
caros às crianças do Gama?
— Comemorar o desmonte da UCIn do
HRG —Unidade de Cuidados Intermediários, que é uma espécie de semi-UTI neonatal—
e necessária para salvar vidas de recém-nascidos?
Estado em que se encontra a 'UPA' do Gama.
Foto arquivo Blog Gama Livre
Centro de Saúde 8 do Gama, 4 anos fechado e reforma parada. Foto arquivo Blog Gama Livre
Também não dá para COMEMORAR a não
reforma do Centro de Saúde 8 do Gama, unidade já fechada há quatro anos, situação
que contribui para aumento da demanda do HRG. Lembrando também que em todos as
UBSs (Unidades Básicas de Saúde, chamadas anteriormente de Centros de Saúde)
também faltam pessoal de atendimento à saúde, remédios, equipamentos,
instrumentos. E, com certa frequência, até água.
Então, comemorar o quê?
Comemorar o HRG na UTI?
Triste, mas melhor apropriado seria se nesta segunda-feira ao invés de festa e sessão solene de comemoração,
houvesse uma SESSÃO DE LAMENTAÇÃO. Melhor, uma SESSÃO DE TRABALHO, de discussão, de apontar que o HRG está respirando com aparelhos mas, que mesmo assim, é possível salvá-lo. E salvar o HRG é salvar vidas de milhares de pessoas.
Comemorar, não há quase nada a
comemorar.
Mas que o HRG possa sobreviver!!!