Quinta, 18 de outubro de 2012
O Governo do
Distrito Federal tenta acabar com a trajetória de um teatro que já mostrou que
quer fortalecer a Cultura do DF. O Governo do DF ao ignorar os benefícios que a
atividade teatral propicia à comunidade e colocar à venda na calada da noite o
terreno da Casa d’Italia, que como Centro Cultural em atividade há 20 anos não
pode fazer caixa para quitar quantia incompatível com a arrecadação, mata com
uma “canetada” o esforço coletivo por tantos anos para manter um espaço
cultural acessível aos grupos locais aberto. O GDF ignorou o pedido de
prorrogação da concessão de uso, mostrando-se insensível à Cultura. Mais do
que isto, está tentando mudar a destinação do terreno:
- na Norma de
Construção, Uso e Gabarito do terreno onde se localiza o Teatro Goldoni, NGB
018/97, da área construída é obrigatório que 40% sejam ocupadas por
atividades culturais e
- na Licitação
descreve como proibida a ocupação por atividade cultural.
Por isso
viemos pedir à classe cultural do Distrito Federal que ajudem a preservar o
Teatro Goldoni das investidas de faturamento do GDF em cima de atividades tão
pouco favorecidas economicamente, mas que são de grande importância para a
formação de cidadania.
AJUDEM A
SALVAR O TEATRO GOLDONI
Vamos nos
reunir em torno da Casa d’Italia dia 24 de outubro, quarta feira, às 14 horas
para mostrar ao governo que o espaço para a cultura tem que ser ampliado e não
aceitamos amputação de mais um teatro da cidade.
Basta de
transações por baixo dos panos!
Além de tudo,
existem muitos teatros que estão inativos por falta de manutenção e outros a
serem construídos nas Regiões Administrativas abandonadas pelo poder público.
Enquanto isso nossas crianças crescem sem o acesso aos Bens Culturais que têm
direito.
PARA SABER
MAIS
ANTECEDENTES
Existem em
Brasília duas instituições de 3º grau que colocam na cidade cerca de 30 atores
por ano – a UnB (Universidade de Brasília) e a Faculdade Dulcina de Moraes. Mas
outras escolas estão sendo criadas. A prática ao sair das escolas, condição
para que estes atores desenvolvam suas potencialidades, se torna rara e
insipiente, porque a cidade não tem mercado para absorvê-los, pois não existe
estratégia de divulgação para o teatro brasiliense e é insuficiente o estímulo
para que o público seja frequentador assíduo dos teatros. Tampouco os
incentivos econômicos são suficientes para que estes jovens formem seus
próprios grupos e tornem-se empreendedores culturais. O Distrito Federal tem uma
característica de estado com muitas cidades em torno da capital, que são
chamadas atualmente de Regiões Administrativas. A ligação de transporte é muito
deficiente entre estas cidades/RAs. Só a Cultura e o Esporte são capazes de
mobilizar as pessoas e fazê-las se movimentarem. O teatro pode criar motivação
para que estas pessoas circulem, conheçam e se sintam incluídas, portanto
participem da sociedade e sejam cidadãs.
TEATRO GOLDONI
O Teatro
Goldoni é um pequeno teatro experimental com cerca de 100 lugares feito com
critérios da mobilidade cênica e rigor técnico, que permite a organização e a
troca da relação palco/plateia de maneira rápida e econômica. Foi
construído deste formato para reduzir custos de apresentação dos
espetáculos e tornar viáveis as montagens teatrais dos grupos teatrais recém
saídos das escolas. Foi criado em 1998 para provocar o encorajamento de
formação de grupos locais que pudessem contar com a apresentação de espetáculos
durante uma temporada mais longa do que as habitualmente apresentadas, fator de
relevância na formação e treinamento do ator.
Em relação ao
público o teatro procurou atender a uma demanda reprimida de “Teatro de
Bairro”, pois apenas estavam funcionando satisfatoriamente, nessa ocasião, as
duas salas do Teatro Nacional Claudio Santoro de proporções gigantescas para o
abrigo de grupo de teatro recém formados. O Goldoni mobilizou atores, público e
empresários. A proposta foi bastante desafiadora, teve boa repercussão, apoio
da mídia e a grande procura por esse tipo de sala sugeriu que fosse criada uma
segunda sala – a Sala Adolfo Celi, anexa ao Goldoni, ação facilitada pelo
programa de doação de equipamentos de iluminação da Funarte. Hoje,
existem muitas outras salas de pequeno porte na cidade. Mas ainda assim, novo
público precisa ser atraído e formado para garantir todas as fases da cadeia
produtiva.
PONTO DE
CULTURA
Com o aumento
do número de espetáculos produzidos na região uma nova necessidade se fez
presente: a formação de técnicos para dar suporte aos espetáculos e assim foi
criado o ESTEC Estúdio de Tecnologia Cênica, um programa de formação de
técnicos de cena para dar apoio aos que estavam sobre o palco, sob as luzes.
Projeto que tem como prioridade a qualificação de jovens oriundos do ensino
médio sem formação profissional e em situação de risco social. Todos os cursos
do Ponto de Cultura ESTEC foram e são gratuitos.
O teatro
investiu na criação do espaço, na operação dos espetáculos e nas facilidades e
redução de custos da encenação. Foi contemplado pelo Ministério da Cultura como
Ponto de Cultura. Mas o preço do ingresso adotado por contingências que todos
conhecem, torna economicamente inviáveis as estratégias comerciais de
continuidade para apresentação de espetáculos e a formação de grupos.
Atualmente os
produtores locais encontram dificuldades para captar recursos necessários às
montagens, que vêm em sua maioria do FAC (Fundo de Apoio à Cultura) da
Secretaria de Cultura do GDF, pois não temos ainda na cidade Leis de Incentivos
locais nem patrocinadores em número proporcional aos habitantes e,
portanto, os grupos que estavam minimamente estruturados migraram para os
grandes centros de produção cultural atrás da sobrevivência como grupo.
MELHOR ESPAÇO
CÊNICO
Em 2007 o
jornal Correio Braziliense consultou seus leitores para saber qual era na época
o melhor espaço cênico de Brasília. A escolha recaiu no Teatro Goldoni. Motivo
explicado pelos leitores: o calor humano dos técnicos e atendentes, a surpresa
de sempre encontrar um novo espetáculo com nova disposição palco/plateia, como
se fosse um novo teatro.
Do CORREIO BRAZILIENSE
O melhor de tudo
Pequeno
gigante
Da Redação "Era um sonho que realizei." Dessa maneira, simples e verdadeira, a cenógrafa Maria Carmen de Souza define o Teatro Goldoni (208/209 Sul, na Casa D'Itália), eleito, com 79% dos votos, na enquete realizada pelo endereço eletrônico www.correioweb.com.br/omelhordetudo, a melhor casa de espetáculos de Brasília. O pequeno teatro surgiu da mente de Carmen e, há oito anos, encanta a plateia brasiliense, que sempre enche a sala para prestigiar as montagens. Neste fim de semana, Sonho de uma noite de verão, dirigida pelos irmãos Guimarães, encerra temporada no Goldoni (horários e preços dos ingressos no roteiro). A ideia original do Goldoni é abrigar temporadas mais longas, segundo a cenógrafa carioca. Carmen sentia falta de um espaço assim em Brasília. "O Teatro Nacional é muito grande, com peças de fora", explica. A procura pelo espaço Goldoni é muito grande e não há datas para apresentações até o fim do ano — a maior parte das peças apresentadas é de grupos locais. O Goldoni é um teatro modulado, pode receber três estilos de montagem, de acordo com a peça: arena (plateia ao redor do palco), italiano (palco de um lado, plateia do outro) e elisabetano (mistura dos outros dois). A iluminação é digital. "O diferencial é o tratamento humano", acredita Carmen. "Fazemos questão de tocar a sineta para anunciar o começo do espetáculo." A casa abriga, em média, 100 espectadores. |
O Teatro
Goldoni, que foi criado para incentivar a produção local com apoio técnico e
para aproveitar a excelente localização servida pelo Metrô e muitas linhas de
ônibus, iniciou uma terceira fase para que não se rompa nenhum elo dessa cadeia
criativa e produtiva. Cuidar da prática de jovens atores ainda em formação de
todas as RAs e facilitar o acesso ao repertório de peças e autores teatrais a
um público não habituado ao teatro. Atualmente apresenta o Ciclo de Leituras
Dramáticas “Audacioso Nelson” de peças de Nelson Rodrigues, todas as terças de
setembro e outubro, com entradas gratuitas.
Marbo