Quarta, 1º de julho de 2015
No Gama continua a invasão de grande área pública pela Igreja Sara Nossa Terra, na Quadra 13 do Setor Leste.
O Ministério Público exigiu a derrubada, a Agefis notificou, mas nada aconteceu até agora. Melhor, aconteceu: o centro de apoio psicopedagógico que seria construído na terra invadida pela igreja, deverá ser implantado em outra área, mas que não é reservada para construções. Se o governo Rollemberg continua fraquejando, este centro será na frente da Igreja São Sebastião. Numa área atrás do posto de gasolina Petrobras.
Governo fraco e que não defende o patrimônio público. Se submete à chantagens de toda ordem. Vai acabar mal. Pior acabará o patrimônio do povo. Já mandaram até escolher o local exato. Para quê? Para não mexer na invasão.
Que o Ministério Público exija a remoção da invasão e que responsabilize na Justiça as autoridades omissas e coniventes no esbulho do patrimônio público.
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Do Correio Braziliense:
Em Ceilândia, pelo menos 10 igrejas foram notificadas pela Agefis por construírem irregularmente em terrenos públicos
O cidadão brasiliense elegeu, na última eleição, a maior bancada
evangélica da história da Câmara Legislativa: sete parlamentares... Eles
são pastores, bispos ou militantes políticos criados em igrejas e
templos, com forte base eleitoral entre os fiéis. Uma vez no parlamento,
eles trabalham para agradar ao próprio eleitorado e fazer, segundo o
discurso em comum, “um mandato em defesa da família”. Nesse sentido,
usam a Casa para propor honrarias a colegas de congregação, manifestar
repúdio a movimentos da sociedade LGBT e protocolar projetos que isentam
igrejas de pagar determinados impostos.
Além disso, usam do poder que têm para fazer lobby. No início de março,
conforme revelou o Correio, a Agência de Fiscalização do DF (Agefis)
notificou pelo menos 10 igrejas na Avenida Ame Mais, em Ceilândia,
construídas há menos de um ano em terrenos de propriedade da Terracap.
Naquela data, o órgão informou ter dado 30 dias para os proprietários
derrubarem os templos e, caso não cumprissem a determinação, o próprio
órgão demoliria as estruturas. A partir daí, começou a pressão por parte
dos deputados distritais.
Contrários à derrubada, Bispo Renato Andrade (PR), Sandra Faraj (SD),
Rodrigo Delmasso (PTN) e até o líder do GDF no Legislativo, Julio César
(PRB), passaram a pressionar o Palácio do Buriti a fim de evitar
qualquer ação da Agefis na região. Eles ligaram, mandaram mensagem e até
se reuniram com integrantes do Palácio do Buriti para tratar do tema.
Falaram com a presidente da agência, Bruna Pinheiro, com outros
secretários envolvidos e até com o vice-governador, Renato Santana
(PSD), e com o chefe do Executivo, Rodrigo Rollemberg (PSB). Por
enquanto, o movimento dos distritais parece ter surtido efeito: mais de
90 dias após a notificação da fiscalização, as igrejas seguem intactas
no local.
Por meio de nota, a Agefis afirmou que as igrejas já sofreram
penalidades e que podem ser demolidas a qualquer momento. “Elas já foram
notificadas, embargadas, multadas e intimadas a demolir. A Agência
esclarece que, enquanto a ação de demolição não for efetivada, os
responsáveis serão multados constantemente.”
Ajuda
Entre os projetos de lei propostos a fim de beneficiar igrejas, há um
de Julio Cesar, que visa livrar igrejas e templos de pagarem o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) — a ideia
foi aprovada ontem, em primeiro turno, e desobriga templos de qualquer
culto a pagar pela taxa e pelo uso dos serviços de água, luz, telefone e
gás. Outro, de Rafael Prudente, também evangélico, “destina áreas para
implantação de instituições sem fins lucrativos e templos religiosos”.
Rodrigo Delmasso concedeu título de cidadão honorário ao bispo Lucas
Rodrigues da Cunha, colega dele na Igreja Sara Nossa Terra.
A contrariedade a movimentos LGBT fica evidente nas moções de repúdio. É
secundário se os distritais foram eleitos para legislar sobre o
Distrito Federal. Nesse caso, o trabalho deles não encontra limites.
Primeiro, repudiaram decisão da Secretaria dos Direitos Humanos da
Presidência da República, que autorizava transsexuais a optarem o
banheiro que forem usar. Depois, a polêmica transexual em uma cruz na
parada gay de São Paulo no início deste mês foi alvo de moção da
Câmara.
Wasny de Roure (PT), também evangélico, apresentou duas moções de
agradecimento a líderes religiosos este ano. Uma delas reconhece o
trabalho da missionária Tereza Cristine Moret. A outra parabeniza o
pastor Orcival Xavier, presidente da Assembleia de Deus de Brasília,
pelos 59 anos de vida. Ele também propôs moção de louvor pelo quinto
aniversário da Igreja Assembleia de Deus Campo Oriente.
No Congresso Nacional, o ex-governador do DF e deputado federal Rogério
Rosso (PSD), no intuito de surfar na onda conservadora após a
crucificação da transexual na parada gay, propôs projeto de lei que
torna crime hediondo “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de a
ele relativo”.
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Número de deputados distritais no DF ligados a igrejas evangélicas
A bancada evangélica
A similaridade do Legislativo distrital com a Câmara Federal não é
pequena. As duas Casas são comandadas por políticos de perfil
conservador, com forte base no meio evangélico. No plano nacional,
Eduardo Cunha (PMDB) tem pautado uma agenda dissociada do Executivo e
levantado debates de questões polêmicas. No DF, não é diferente. Celina
Leão (PDT) criou a frente parlamentar Brasília sem Crise, em paralelo ao
Palácio do Buriti, e não deixa de apoiar debates controversos, como
moções de repúdio ao movimento LGBT e o projeto Escola Sem Partido.
Confira quem faz parte do grupo.
Celina Leão (PDT)
Bispo Renato Andrade (PR)
Rodrigo Delmasso (PTN)
Julio Cesar (PRB)
Sandra Faraj (SD)
Wasny de Roure (PT)
Rafael Prudente (PMDB)
Eles defendem a regularização
Os deputados não negam o lobby em favor das igrejas. Bispo Renato
confirma que esteve na Agefis para defender os templos, mesmo se
tratando de invasão de área pública. “Só o que eu pedi foi que seja
analisado caso a caso. Alguns pastores dizem ter autorização para
construir naquele local. Foi autorizado mesmo ou não? Como entraram no
terreno? Agora, se entrou, é obrigação do Estado regularizar. Se não,
teria que derrubar praticamente metade de Brasília”, argumenta. Sandra
Faraj (SD) também sai em defesa dos templos. “Eu não tenho como dar
muitas informações a respeito porque ainda não fiquei sabendo da
situação dos espaços. Mas eu sou, de antemão, contrária à derrubada de
igreja, porque ela tem um papel fundamental na sociedade. Acho que o
governo pode fazer uma contrapartida, qualquer coisa para dar opção à
derrubada”, diz.
Delmasso defende a honraria que propôs a bispo Lucas Rodrigues da
Cunha, colega de congregação. “Ele faz um trabalho inestimável para a
comunidade: tirou milhões de jovens das drogas e fez um bem à
sociedade”, argumenta. Sobre as derrubadas, ele defende as igrejas
invasoras de área pública. “Esses lugares estão em processo de
regularização fundiária. Por que falar que invadiram há menos de um ano?
Será que isso ocorreu mesmo? Acho que precisamos separar as coisas. Não
se pode derrubar quem está em processo de regularização.”
O pastor João Dito é presidente da União das Igrejas Independentes do
DF e representa três dos templos ilegais. Presidente do PRB de Ceilândia
e membro da executiva regional da legenda, ele chegou a ser indicado
pela sigla para assumir cargo comissionado da Administração de
Samambaia. Dito defende a manutenção das igrejas. “Estamos em processo
de regularização, assim como outras 1.180 igrejas no DF.”
Fontes: Por Matheus Teixeira, Correio Braziliense com foto de Marcelo Ferreira/CB/D.A Press-3/3/15 - 1/07/2015
Fonte: Blog do Sombra