Domingo, 26 de julho de 2015
Da Tribuna da Intenet
Por PAULO DONIZETTI DE SOUZA - Via RBA
Metalúrgico,
historiador, escritor, jornalista, professor, militante da democracia e do
socialismo.
Qualquer que seja a
atribuição que se busque na biografia de Vito Giannotti, que nos deixou na
madrugada do dia 25, aos 72 anos, se encontrará um homem intenso.
Vito é filho de
italianos. Chegou a São Paulo aos 21 anos, em 1964, e passou a vida toda
construindo. Construiu resistência à ditadura, construiu a oposição metalúrgica
de São Paulo ante sucessivas direções indignas de representar trabalhadores,
construiu a pesquisa e a memória das lutas sociais e operárias, construiu
pontes que, por meio da comunicação, ligassem lideranças sociais e intelectuais
e suas ideais ao cidadão comum exposto à indecência da imprensa hegemônica.
Obstinado, Vito deixa
mais de duas dezenas de livros. E a experiência singular do Núcleo Piratininga
de Comunicação, no Rio de Janeiro. Um centro de estudos, de memória, de
debates, de produção e troca de conhecimento. E de amizades.
Suas palestras eram
movidas a sonho e convicção. Com a mesma fluidez de suas prosas. Era crítico
ácido de sindicatos e movimentos que desprezam a necessidade de produzir
comunicação de qualidade com a sociedade – com linguagem respeitosa e clara,
com elegância, com profissionalismo. E mesmo quando chutava o balde ao desferir
crítica a um jornal malfeito, o fazia com o objetivo nítido de construir, de
impelir as esquerdas e movimentos, qualquer que fosse a corrente, a deixar de
falar para o umbigo e disputar a opinião pública.