Terça, 28 de julho de 2015
André Richter
- Repórter da Agência Brasil
O juiz federal Sérgio Moro determinou hoje (28) o bloqueio
de até R$ 20 milhões nas contas do presidente licenciado da Eletronuclear,
Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso nesta manhã durante a Operação
Radioatividade, 16ª fase da Operação Lava Jato. A medida tem objetivo de
garantir ressarcimento aos cofres públicos, no caso de eventual condenação, e
também atinge a empresa Aratec Engenharia, que pertence a Othon Silva, e o
executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra, que também foi preso.
O bloqueio é preventivo e não significa que o valor está
depositado nas contas dos investigados.
A décima sexta fase da Lava Jato foi desencadeada a partir
do depoimento do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que assinou
acordo de delação premiada com o Ministério Público. Na delação, ele revelou a
existência de um cartel nas contratações de obras da Usina Nuclear Angra 3 e
citou Othon Luiz Silva como beneficiário de propinas. Segundo o Ministério
Público Federal (MPF) e a Polícia Federal, o presidente licenciado da
Eletronuclear recebeu cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor
das obras da usina.
Saiba Mais
As prisões são temporárias (duração de cinco dias, podendo
ser prorrogada pelo mesmo período).
Outro lado
Em nota divulgada na manhã de hoje, a Andrade Gutierrez
informou que está acompanhando a nova fase da operação e destacou “que sempre esteve
à disposição da Justiça”. Os advogados da empresa estão analisando a ação da PF
para se pronunciar. A Eletronuclear informou que vai se pronunciar em nota
sobre o caso.
A reportagem da Agência Brasil tentou contato, por e-mail
e por telefone, com a defesa de Othon Silva, mas não obteve retorno até o
momento. Na ocasião em que foi citado nas investigações da Lava Jato, Othon
Silva negou ter participado ou ter conhecimento de qualquer irregularidade. Em
nota à época, afirmou que jamais recebeu propina e que vive de sua
aposentadoria como vice-almirante da Marinha e de seus vencimentos como
presidente da Eletronuclear. Ele se afastou do cargo em 29 de abril, após ser
citado na operação.