Segunda, 27
de julho de 2015
Vladimir Platonow – Repórter Agência Brasil
O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra o
núcleo da Operação Lava Jato, negou hoje (27) que tenha havido escuta na cela
onde estava o doleiro Alberto Youssef, na carceragem da Polícia Federal (PF),
em Curitiba. O fato, denunciado pelo próprio Youssef, em abril do ano passado,
foi refutado por uma sindicância concluída pela PF em setembro de 2014.
Perguntado se a suposta escuta na cela do doleiro poderia
inviabilizar futuramente as investigações da Lava Jato, pois nesse caso a
escuta seria ilegal, Dallagnol disse não temer que o fato repercuta
negativamente sobre a operação e negou que tenha sido utilizada informação
baseada em escuta ilegal.
“Jamais apareceram quaisquer escutas e muito menos
indicativos de influência delas nas investigações. É um caso sob investigação.
Mas jamais identificamos qualquer escuta que tenha sido instalada. O que
existiu é um aparelho que, em princípio, não estava funcional. Esta é uma
situação sob apuração”, sustentou o procurador.
Dois policiais federais admitiram, durante audiência da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no dia 2 de julho, que as
escutas existiram. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, também em
depoimento à CPI da Petrobras, no último dia 15, classificou de gravíssimo o
fato, se for comprovado.
Dallagnol veio ao Rio participar do lançamento do projeto
Dez Medidas contra a Corrupção, que pretendo recolher 1,5 milhão de assinaturas
para apresentar ao Congresso um projeto de iniciativa popular com ações
anti-corrupção. Ele apresentou o projeto a lideranças comunitárias e
religiosas, reunidas no Seminário Teológico Batista do Sul, a quem pediu apoio
à iniciativa.
O procurador criticou a corrupção no país e disse que,
baseado em dados das Nações Unidas, o Brasil gasta R$ 200 bilhões em propinas
todos os anos.
“Esse valor permitiria triplicarmos no Brasil o
investimento federal em saúde ou educação e que melhorássemos tudo o que é
gasto, em todo o país, por todos os entes da Federação, em segurança pública.”
Ele disse acreditar na punição de todos os envolvidos nos
casos de corrupção envolvendo empreiteiras, agentes públicos e políticos que
superfaturaram contratos com a Petrobras, recebendo propinas milionárias em
dinheiro público.
“Nós vamos fazer o nosso melhor, tudo o que está em nosso
alcance, para que todos sejam punidos, por todos os crimes, na medida de sua
responsabilidade. Nós acreditamos que, neste caso, existe uma série de fatores
que vai permitir que a punição seja alcançada de modo efetivo.”
Os dez temas da campanha contra a corrupção são os
seguintes: Prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de
informação; Criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos;
Aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores; Aumento da
eficiência e da justiça dos recursos no processo penal; Celeridade nas ações de
improbidade administrativa; Reforma no sistema de prescrição penal; Ajustes nas
nulidades penais; Responsabilização dos partidos políticos e
criminalização do caixa 2; Prisão preventiva para evitar a dissipação do
dinheiro desviado; Recuperação do lucro derivado do crime.
Para participar da campanha e baixar os
formulários para recolher assinaturas, basta acessar o endereço eletrônico www.combateacorrupcao.mpf.mp.br.