Terça, 11 de janeiro de 2011
Análise da "Auditoria Cidadã da Dívida"
A Folha Online de sábado [8/1] noticia que o Tesouro se endividará, sem
limite algum, para comprar dólares, por meio do chamado “Fundo Soberano
do Brasil”. Ou seja: enquanto se corta pesadamente os gastos sociais, e
não há recursos para aumentar o salário mínimo e dos servidores, por
outro lado não há limite algum para se fazer novas dívidas, sob a
justificativa de comprar dólares para segurar a cotação da moeda
americana.
Conforme mostra a Folha Online:
“O Tesouro poderá fazer novas emissões de dívida, de modo a
garantir recursos extras para as compras de dólar pelo fundo. "A gente
pode emitir títulos e comprar moeda estrangeira", disse Augustin nesta
sexta-feira, acrescentando que "não há limite para isso".
Porém, conforme comentado diversas vezes nesta seção, quanto mais o
governo compra dólares – pagando-os com títulos da dívida - mais os
bancos e demais rentistas trazem dólares ao país para ganhar os juros
mais altos do mundo às custas do povo.
Enquanto isso, não são combatidas as principais causas da queda do
dólar (que prejudica a indústria nacional), como as taxas de juros mais
altas do mundo e a isenção do imposto de renda sobre o ganho dos
estrangeiros com a dívida “interna”.
Se, por um lado, não há limite algum para se fazer novas e
questionáveis dívidas, por outro lado, para pagar esta conta, o governo
aumenta o confisco tributário sobre os trabalhadores, ao não reajustar a
tabela do Imposto de Renda (IR) em 2011. Isto significa que o nível de
renda a partir do qual as pessoas começam a pagar o IR não será
reajustado pela inflação, e como consequência, as pessoas pagarão mais
imposto, apenas pelo fato de terem tido seus salários reajustados pela
inflação. Ou seja: as pessoas não tiveram nenhum aumento real em seus
salários, mas mesmo assim passam a pagar mais IR.
Cabe ressaltar, também, que desde 1996 até 2010, a tabela do IR foi
reajustada em apenas 66,6%, enquanto a inflação (IPCA) do período foi de
157%. Portanto, a tabela teria de ser reajustada em 54% apenas para
recompor as perdas inflacionárias.
Ao mesmo tempo, a dívida pública é indexada às taxas de juros mais altas do mundo, que superam em muito a inflação.
A TV Câmara traz hoje uma série de entrevistas sobre este tema, sendo
uma delas com o deputado Virgílio Guimarães (PT/MG), que discorda do
reajuste automático da tabela do IR. Virgílio foi o Presidente da
recente CPI da Dívida na Câmara dos Deputados.
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Acesse "Auditoria Cidadã da Dívida"
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