Domingo, 2 de janeiro de 2011
Da Agência Brasil
Renata Giraldi - Repórter
Renata Giraldi - Repórter
O ex-representante especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, o brasileiro Ricardo Seitenfus, reiterou hoje (2), ao participar da cerimônia de transmissão de cargo de Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, as críticas ao número de militares presentes no país caribenho e à ação das organizações não governamentais.
Em decorrência dessas críticas, Seitenfus foi afastado das funções no final de dezembro. Para ele, a decisão foi “contraproducente”, mas disse que representou o que muitos pensam sobre as missões em atuação no Haiti. “Tenho impressão que não falei inverdades. O Haiti não precisa de tantos soldados. O Haiti precisa de engenheiros, técnicos e desenvolvimento socioeconômico”, disse Seitenfus.
O brasileiro afirmou que “o Haiti não pode ser simplesmente ser objeto ou coadjuvante da sua própria história. O Haiti tem de estar no centro da sua história”. Segundo ele, suas críticas “são reflexões generosas feitas com o coração, mas que retratam a percepção de muita gente que não tem voz. Fui o porta-voz daqueles que não têm voz”.
Ao ser perguntado sobre como recebeu a informação sobre seu afastamento, Steinfus disse que foi uma medida contraproducente. “É contraproducente. Meu mandato foi incurtado, pois ia até 31 de março. Isso deu uma grande repercussão. É uma forma de tentar calar algo no Haiti que é a aspiração do Haiti de tentar recuperar sua autonomia”, disse.
Seitenfus criticou, em entrevista recente a um jornal suíço, o papel da comunidade internacional e, especialmente da Missão das Nações Unidas (Minustah), presente no Haiti desde 2004. Para o ex-presidente de Cuba Fidel Castro, Steinfus fez afirmações “incontestáveis”.