Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Político pode. Jegue não

Quinta, 13 de janeiro de 2011
Acontece neste momento em Salvador, na Bahia, a secular festa da Lavagem do Bonfim. Vivi muitos anos da minha juventude no Bonfim e na Avenida Dendezeiros, próximo, portanto, da bela igreja de Oxalá —Senhor do Bonfim e Oxalá é um só no sincretismo baiano.

Não perdia nenhuma festa em homenagem à Sentinela Avançada da Bahia. E também estava presente nas festas da Ribeira, de Santa Bárbara, de Nossa Senhora da Conceição, do Rio Vermelho (Iemanjá), da Boa Viagem (Bom Jesus dos Navegantes), da Lapinha e tantas outras.

Da igreja de Nossa Senhora da Conceição o cortejo de milhares de pessoas percorre cerca de oito quilômetros até subir a Colina Sagrada do Bonfim.

Até o ano passado havia no cortejo muitas carroças puxadas por enfeitados jegues e cavalos. Este ano a festa se realiza sem jegues e outros eqüinos. Decisão de um juiz atendendo ação judicial movida pela OAB baiana e mais três ONGs de defesa dos animais. Alegaram maus-tratos que os animais sofreriam.

E o jegue, que segundo Luiz Gonzaga é nosso irmão, deixa de participar da festa, depois de mais de duzentos anos de presença. Enquanto isso continuam ocorrendo na Bahia (e em todo o Brasil) os perversos e torturadores rodeios, alguns dos quais com a presença de governadores e juízes.

Como dizia um velho político baiano, Otávio Mangabeira, que foi vereador, deputado federal, governador da Bahia, ministro do Exterior: "Pense num absurdo, na Bahia tem precedente."

Saem os jegues, mas continuam os políticos.

 
Hino do Senhor do Bonfim
Glória a ti neste dia de Glória
Glória a ti redentor que há cem anos
Nossos pais conduziste à vitória
Pelos mares e campos baianos.

Dessa sagrada colina
Mansão da misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia

Glória a ti nessa altura sagrada
És o eterno farol, és o guia
És, Senhor, sentinela avançada
És a guarda imortal da Bahia.

Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia

Aos teus pés que nos deste o Direito
Aos teus pés que nos deste a Verdade
Trata e exulta num férvido preito
A alma em festa da nossa cidade.

Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia.