Quinta, 12 de abril de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Para estupefação geral do
país, no entanto, querem por a culpa no papa. Isso mesmo, e como no mundo
inteiro só existe um papa, Bento XVI, chefe do Estado do Vaticano e Sumo
Pontífice da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Roma, é sobre ele que o
governador Agnelo Queiroz procura transferir a sua cruz.
“Se alguém quiser me
seguir, pegue a sua cruz e siga-me”, disse Jesus, algum tempo antes de pegar a
dele próprio. Outro é o caso do baiano de Itapetinga Agnelo Queiroz, um ex-ateu
assumido com passagem no PC do B, pelo qual foi deputado distrital e federal e
ocupou o Ministério do Esporte e a direção geral da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Até que em 2009 ingressou no PT, elegeu-se governador em
2010 e atacou o papa Bento XVI em 11 de abril de 2012. Quer transferir a ele
sua cruz.
Voltando a Dadá, o de Brasília. Em conversa gravada, Dadá diz ao bicheiro Cachoeira que foi procurado por João
Carlos Feitosa, o Zunga, ex-subsecretário de Esportes e funcionário do governo do
Distrito Federal, que disse que o “Zero Um”, o Magrão, estava querendo falar com ele.
Na sua análise, a PF
identifica o “Zero Um” com o governador Agnelo Queiroz. E qualquer pessoa sem grave
deficiência visual pode verificar que o governador do Distrito Federal é um
homem com altura bem acima da média no Brasil e muito magro, embora seja
bochechudo, o que pode enganar nas fotografias de paletó mostrando apenas do peito
para cima. Enquadra-se, facilmente, na tipificação de “magrão” – grande e
magrelo.
Apanhado de surpresa por
perguntas dos repórteres, ele replicou, incontinenti: “Será que ‘Zero Um’ não era ao
Papa que ele estava se referindo? Ou outra autoridade?”. Qual outra? Obama? Ou
Dilma Rousseff? Ou o Dalai Lama?
Ou seria José Dirceu –
figura de proa do PT (mas não a ponto de ser Zero Um) –, de quem não surgiu
envolvimento algum com as investigações da Operação Monte Carlo, mas está na
mídia cobrando da mídia que espinafre o DEM porque o senador Demóstenes Torres,
envolvido com o empresário do jogo ilegal, era do DEM.
Ora, quando o governador do
DF era do DEM e foi apanhado em corrupção, foi forçado a deixar rapidamente o
partido. Que foi muito criticado, e com razão, pois nem devia ter deixado José
Roberto Arruda entrar nele, ante o seu histórico político conhecido. Mas de
Demóstenes, o DEM não sabia de nada, o senador enganou seu partido e os colegas
de Senado de todas as legendas. Até do gabinete da presidente Dilma, nos
primeiros meses de governo, lhe foram feitos reiterados acenos para passar à
base do governo.
Bem, o que fará José Dirceu
se ficar evidente acima de contestações o envolvimento do governador petista
Agnelo Queiroz com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e malfeitos consequentes?
Dirceu vai exigir da mídia que ataque severamente o PT, como acaba de fazer em
relação ao DEM?
É esperar para conferir. Se
alguém achar que vale a pena esperar pelo que não vem.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
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Clique aqui e veja o vídeo da reportagem da TV Globo.
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