Sábado, 6 de outubro de 2012
Mensalão
As prisões americanas estão cada vez piores, mas ainda há muitas que tratam os presos com dignidade - políticos corruptos e poderosos em geral costumam ir para as melhores. Há lógica nisso
André Petry, de Nova York
ALVO CERTO - Cela para quatro, em Englewood, no Colorado: condições próprias para corruptos e poderosos em geral
(AP)
Condenado a catorze anos de prisão por transformar sua gestão num paiol
de corrupção, o ex-governador de Illinois Rod Blagojevich virou o
prisioneiro número 40 892 424 na prisão de sua preferência. Ele pediu
para cumprir a pena no Complexo Penitenciário de Englewood, que fica
perto de Denver, no estado do Colorado. No conjunto, há um centro
administrativo e duas prisões, uma de baixa segurança e outra de
segurança mínima, só para homens. Uma vez que não tem presos violentos
nem com alto risco de fuga, Englewood oferece mimos como mesas de
sinuca, pingue-pongue e pebolim. Como se vê na fotografia acima, as
celas têm espaço razoável, janelas de bom tamanho e iluminação direta.
Não são um paraíso, mas também não são o inferno.
Nos Estados Unidos, o preso tem direito a pedir para cumprir a pena em
determinada penitenciária. O juiz pode aceitar o pedido, mas a palavra
final é do Federal Bureau of Prisons, órgão que administra o sistema
penitenciário federal. Em sua decisão, o FBP leva em conta se o grau de
periculosidade do condenado combina com o nível de segurança da prisão.
Blagojevich escolheu Englewood porque é uma prisão razoável. É lá que
Jeffrey Skilling, o ex-presidente da Enron, ex-gigante do setor de
energia, está cumprindo sua pena de 24 anos. Skilling foi condenado por
sua participação no enorme escândalo contábil que acabou levando a Enron
à falência, em 2001.