Quinta,
30 de janeiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

O que terá
relevância amanha é a reeleição do deputado Marcelo Nilo para o quarto mandato
consecutivo de presidente da Assembléia Legislativa. Isso cobre duas
Legislaturas, num total de oito anos. Ele poderá não cumprir os oito anos no
cargo, caso consiga viabilizar seu objetivo político declarado e pelo qual vem
trabalhando intensamente, com todos os instrumentos de que dispõe – o de ser
candidato ao governo baiano em 2014, com o apoio do governador Jaques Wagner.
Caso não alcance esse evidentemente ambicioso objetivo, aí restarão mais duas
ou, no máximo, três hipóteses. Mas isso já é outra história.
Se a paz reina na
eleição para a Mesa Diretora da Assembléia, o mesmo não se pode dizer das eleições
para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Na Câmara, embora
parecendo mais sujo do que pau de galinheiro, Henrique Eduardo Alves vai trocar
a liderança do PMDB pela presidência da Casa. Isto, por força de um acordo do
PMDB, que o está indicando, com o PT, que contou com o apoio peemedebista para
eleger o atual presidente, o despreparado e insensato (proclamou que não
cumpriria eventual decisão do Supremo Tribunal Federal) deputado Marco Maia.
Há um candidato
desafiante na Câmara, o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, mas ele
vai perder. Mais amplamente ainda porque a quase totalidade da oposição vai
votar em Henrique Eduardo Alves para garantir uns lugares na Mesa.
Mais lambuzado
que o pau de galinheiro acima referido está o candidato favorito (praticamente
eleito) a presidente do Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros, apoiado pelo
PT – e provavelmente pelos principais partidos de oposição, PSDB e DEM, também para não
perderem cargos e postos no Senado. O procurador geral da República, Roberto
Gurgel, ingressou na sexta-feira, no Supremo Tribunal Federal, com uma denúncia
contra o senador Renan Calheiros. Ela envolve fatos suspeitos que levaram esse
parlamentar, anteriormente, a renunciar à presidência do Senado, em um acordo para
salvar o mandato e não incorrer na pena acessória de suspensão de direitos
políticos. O procurador geral da República qualificou sua denúncia como
“extremamente consistente”.
Há resistência
simbólica. Houve algum esforço (pouco) para pressionar a bancada do PMDB a
escolher outro peemedebista para candidato a presidente da Casa. Foi sugerido
Pedro Simon. A posição crítica de Simon em relação ao governo Dilma Rousseff
tornou as coisas ainda mais difíceis para a sugestão ganhar adeptos. Renan nem
deu bola e a bancada do PMDB é quase totalmente controlada por ele.
Os quatro
senadores do PSB, liderados pela baiana Lídice da Mata, propuseram ontem que o
PMDB indique um candidato capaz de “recuperar a credibilidade” do Senado. PMDB
e PT nem ligaram. Randolfe Rodrigues, do PSOL, é candidato desafiante, mas sem
chance. Alguns senadores tentam articular a candidatura de Pedro Taques, do
PDT. Com chances de vitória inexistentes.
O Congresso
Nacional começa o ano legislativo da pior maneira possível.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.