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(Millôr Fernandes)

sábado, 26 de janeiro de 2013

Ausência de movimentos sociais marca marcha de abertura do Fórum Social Temático

Sábado, 26 de janeiro de 2013
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Cerca de 800 pessoas compareceram hoje (26) à marcha de abertura do Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre (RS), conforme estimativa da Brigada Militar do estado. A maior parte dos participantes este ano, no entanto, foi formada por sindicalistas ligados a quatro centrais, e não pelos movimentos sociais, como ocorreu em anos anteriores.

“Parece mais um movimento sindical que um movimento social”, admitiu o diretor de Direitos Humanos da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Mário Silva. Ele reconheceu que a participação dos militantes que tradicionalmente compunham o Fórum Social Mundial e os temáticos foi reduzida, mas reafirmou a crença de que o fórum deste ano irá ocorrer com sucesso. “Com certeza diminuiu a participação de alguns movimentos mais ligados à CUT [Central Única dos Trabalhadores]. Mas nós estamos aqui, o fórum está acontecendo”, completou Silva.


Em meio às bandeiras e a militantes uniformizados da Força Sindical, UGT, Central dos Trabalhadores do Brasil e Nova Central, pequenos grupos ligados a movimentos sociais independentes compareceram à marcha. Astreia Mendes Abal, por exemplo, participou da marcha com cerca de dez amigos para pedir por uma nação mais fraterna. “Nós fazemos parte de um movimento chamado Nação Pacha Mama e viemos semear o nosso sonho de liberdade. Nós lutamos contra o sistema e acreditamos em uma nação mais fraterna, com um pouco mais de ternura. Viemos dar um basta, precisamos olhar o outro com compaixão e não com competição”, disse.

Apesar de o discurso de Astreia parecer destoante do tom político e social de encontros anteriores, ela faz parte dos novos grupos que formam o fórum. Para o presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul, Lélio Falcão, o evento não está esvaziado em relação aos movimentos sociais. “Como as centrais sindicais são muito organizadas, talvez a presença desses movimentos sociais não apareça tanto. Mas eu vi várias ONGs [organizações não governamentais] misturadas em meio aos sindicalistas. Acho que teve adesão sim”, avaliou Lélio. Apesar de a Força ser a principal organizadora do evento este ano, os dirigentes da central não fizeram estimativa de público na marcha.

A principal razão para a redução no número de bandeiras e militantes ligados a movimentos sociais na abertura do fórum pode estar na saída oficial da CUT e de algumas instituições, como a Marcha Mundial das Mulheres e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do evento. Eles alegam que a ingerência da prefeitura, principal patrocinadora, na organização fere a carta de princípios e a independência do fórum. Além disso, os movimentos estão insatisfeitos com a nova temática, mais voltada para as questões ambientais do que para as sociais, políticas e econômicas que sempre permearam os debates.

As atividades do fórum começam amanhã (27), com painéis e mesas de debates sobre diversos assuntos. O tema do evento este ano é Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável. Após a marcha, os participantes vão assistir a vários shows no Anfiteatro Por do Sol.