Quarta, 30 de janeiro de 2013
Por Luciana Genro
Era o início do ano de 2007 quando o
PSOL gaúcho começou a campanha Fora Renan. Munidos de cartazes e adesivos,
fomos para a esquina democrática, ponto tradicional do ativismo em nossa
capital, e começamos a coletar assinaturas pela cassação do Senador Renan
Calheiros, acusado de corrupção. Depois propusemos que a campanha fosse
assumida pelo partido no Brasil inteiro, o que foi prontamente aceito pela
Direção Nacional do PSOL. Assim, nosso partido foi parte importante na luta que
culminou na renúncia de Renan, atitude que tomou para evitar sua cassação por
improbidade , falsidade ideológica, entre outros ilícitos.
Ele voltou, e não contente em voltar ao
Senado, quer voltar a presidir a Casa. Um grupo de Senadores resiste. Entre
eles o nosso Randolfe Rodrigues, que apresenta seu nome como alternativo ao de
Renan. Aqui no Rio Grande do Sul Pedro Simon já declarou que não vota em Renan,
que é do seu partido. Além de não votar em Renan, precisamos que ele vote em
Randolfe! O petista Paim não se pronunciou, e nem Ana Amélia, do PP. Se Pedro
Simon, que é do PMDB não vota em Renan, como explicar o apoio dos outros
partidos, em especial o do PT?
A verdade é que um dos maiores
desserviços que o PT prestou desde que chegou ao poder foi a sua ação
reabilitadora de figuras sombrias da política nacional, tal como Renan, Sarney
, Collor de Mello e Maluf. Este quarteto – ou seria quadrilha? – encontrou nos
governos petistas um porto seguro para estancar a sua desmoralização e a perda
de poder que vinham experimentando como resultado do fortalecimento dos
movimentos sociais e do próprio crescimento do PT e das forças “progressistas”.
Mas os ditos “progressistas” aliaram-se ao atraso. Assim, para substituir
Sarney, que também foi apoiado pelo PT, o governo petista apóia Renan. Na
Câmara Federal não é diferente. O “progressista” Marco Maia lidera o apoio a
Henrique Alves, que opera nos mesmos moldes de Renan. Para todos eles a
política não é um instrumento de luta por princípios, idéias ou propostas. É um
mero jogo de interesses fisiológicos, favorecimentos pessoais e dos grupos
econômicos por trás de seus mandatos. Depois que Lula apertou a mão de Maluf
selando a união para eleger Haddad nada mais deve surpreender.
Pelo menos alguns Senadores não aceitam
a volta de Renan, símbolo deste modo de fazer política que deveria ser
enterrado, mas que sistematicamente ressurge das trevas pelas mãos do PT. A
plataforma apresentada por este grupo de Senadores não contém a radicalidade
que, ao meu ver, seria necessária para enfrentar este debate sobre o estado da
política em nossos tempos, visto que o menor dos problemas do Senado é a
quantidade de dias em que se vota, mas sim o que se vota e por que se vota.
Mas, diante da unidade oligárquico-petista, um pouco de republicanismo já é
transgressor e, portanto, este movimento dos Senadores independentes é positivo
e é muito importante que o PSOL, em cada Estado, faça pressão sobre os
Senadores para que votem em Randolfe para presidir o Senado.
Mas ainda mais importantes serão as
ações extra- parlamentares do nosso partido para lutar contra a corrupção e
contra os efeitos da crise que já se abatem sobre o povo. Além da inflação que
atinge os alimentos, diminuindo a comida na mesa das pessoas, o aumento das
tarifas públicas, como das passagens de ônibus, é um problema real. O PSOL tem
que ser parte da articulação de um movimento nacional para barrar este aumento
que todo ano castiga trabalhadores, estudantes e desempregados. No Rio Grande
do Sul já começamos e sei que em outros Estados também. Essa é a política que
pode mudar o Brasil: feita pelo povo, nas ruas!
Luciana Genro, advogada, membro da
Direção Nacional e presidente do PSOL em Porto Alegre.