Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 18 de agosto de 2013

Lobista aponta mais empreiteiras com que tinha negócios na Petrobras

Domingo, 18 de agosto de 2013
João Henriques denuncia os responsáveis pela entrega de propina a políticos em Brasília
Diego Escosteguy, com Flávia Tavares, Leandro Loyola, Marcelo Rocha e Murilo Ramos
FALOU, SIM O lobista João Augusto Henriques na conversa com ÉPOCA. Ele tentou negar o que dissera num momento de sinceridade, mas foi desmentido pelas gravações (Foto: Reprodução)

Na noite da sexta-feira, dia 9 de agosto, quando a última edição de ÉPOCA se alastrava como pólvora pela internet e pelo mundo político, a pressão do poder desabou sobre o lobista João Augusto Henriques, que denunciara um esquema de propina do PMDB na Petrobras. João Augusto estava em Paris e, de lá, passou a ser atingido pela ira dos chefes do PMDB implicados por ele. Na edição que começava a circular, ÉPOCA – com base em contratos de gaveta dos lobistas do PMDB, em entrevistas, feitas em Brasília, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, com os envolvidos no caso e, posteriormente, no testemunho do próprio João Augusto – narrava detalhes do esquema. Ele dissera que de “60% a 70%” do dinheiro que arrecadava das empresas que faziam negócio na Diretoria Internacional da Petrobras, comandada pelo PMDB, era repassado a deputados do partido em Brasília. João Augusto denunciou, assim como outros envolvidos entrevistados por ÉPOCA, três casos em que isso acontecera. Num deles, segundo João Augusto, a construtora Odebrecht, que conseguira um contrato bilionário da Petrobras, repassara, por orientação dele, o equivalente a US$ 8 milhões ao PT, em plena campanha presidencial de Dilma Rousseff. João Augusto afirmou que o repasse tinha por objetivo vencer as dificuldades impostas pelo então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, do PT, à assinatura do contrato. Dias antes da eleição de Dilma, Gabrielli o aprovou.

Há, ainda, muitos pontos da entrevista que ÉPOCA continua investigando, de maneira a levantar provas que corroborem o que João Augusto disse. Um exemplo: “Estive duas vezes com José Dirceu”, afirmou ele, enigmático, sem contar mais detalhes. Até o fim do governo Lula, Dirceu era tido como influente na Petrobras. (Ouvido por ÉPOCA, ele disse não se lembrar de João Augusto.) Em pelo menos dois pontos as investigações de ÉPOCA avançaram. O primeiro: o nome de outras empreiteiras com que João Augusto afirmara fazer negócios na Petrobras. O segundo: os expedientes usados por João Augusto para entregar a propina em Brasília.