Domingo, 18 de agosto de 2013
Fonte: Quid Novi
O esquema clandestino montado por
empresas da área de transporte sobre trilhos está longe de ser uma
exclusividade paulista. Investigações e denúncias pelo país inteiro
mostram que o cartel possui tentáculos em diferentes Estados e comanda
algumas das maiores e mais onerosas obras públicas. O governo federal
pagou entre 2004 e 2013 mais de R$ 460 milhões para as empresas
Siemens, Alstom e CAF, três das 19 empresas suspeitas de envolvimento
no propinoduto paulista. Na semana passada, a procuradora da República
em São Paulo, Karen Louise Jeanette Kahn, pediu acesso às investigações
em andamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
alegando que há suspeitas de que o esquema chegou a grande parte do
País por meio de licitações federais, especialmente na Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). “Pode haver um cartel generalizado e
espalhado em Estados e municípios. É preciso investigar”, disse ela.
As suspeitas de irregularidades envolvendo empresas do escândalo do
Metrô paulista em obras federais realizadas nos Estados sempre chamaram a
atenção dos órgãos de fiscalização, mas os processos nunca foram
concluídos. Levantamento realizado por ISTOÉ mostra que há uma relação
direta entre obras tocadas por essas empresas e a abertura de
investigações, como se elas fossem personagens inevitáveis desse tipo de
investimento. Na Bahia, o carro-chefe da campanha do petista Jaques
Wagner ao governo foi a conclusão das obras do metrô da capital,
comandadas por um consórcio encabeçado pela Siemens. No ano passado, o
mesmo discurso foi repetido pelo atual prefeito de Salvador, Antonio
Carlos Magalhães Neto (DEM). O metrô de Salvador é uma obra necessária à
população e tem grande apelo eleitoral, mas segue levantando suspeitas
de superfaturamento. Há dois anos, o Ministério Público Estadual apura
o destino de mais de R$ 400 milhões que teriam sido desviados desde
1999. Em 13 anos de investimento, o metrô soteropolitano é um pequeno
fantasma do que deveria ser e, no total, já consumiu mais de R$ 1
bilhão. Nas mãos de um consórcio igualmente formado pela Siemens está
também a construção da Linha Sul do metrô de Fortaleza, outro projeto
gigante na mira do Cade. A obra da Linha Sul, com 18 estações, custou R$
1,5 bilhão. Desse total, o TCU estima que pelo menos R$ 150 milhões
foram superfaturados e parte desse dinheiro teria sido usada para pagar
facilitadores do contrato. As investigações ainda não foram concluídas.
Fonte: Quid Novi com AE