Quarta, 7 de agosto de 2013
Da Coluna de Helio Fernandes
Tribuna da Imprensa
Helio Fernandes
O programa da TV Cultura Roda Viva nunca entrou no meu roteiro ou na
minha programação do fim de noite. Anteontem, quebrei essa rotina,
queria conhecer os líderes do Mídia Ninja, Pedro Torturra e Pablo
Capilé. Não sabia como eles eram, nem física nem mentalmente.
Nos primeiros 40 minutos, Pablo Capilé me assombrou. Falou sem parar
por duas vezes. A primeira, 9 minutos, a segunda, outros 12. Massacrou a
todos. Há muito tempo não via alguém pensar em tal PROFUNDIDADE e expor
com tal VELOCIDADE.
Nos dois monólogos, sem hesitação, voz firme e segura, nenhuma parada
sequer para respirar ou beber água. Os entrevistadores (?) desnorteados
e desencontrados, acompanhavam a sua fala magistral, não tiravam os
olhos dele. E quando parou, e cabia a eles perguntarem, desfilaram uma
quantidade de tolices, bobagens, coisas sem importância. Nada que
merecesse resposta.
Oitenta por cento dos participantes não sabiam o que perguntar,
incluindo o dirigente do programa (já demitido), chato, monótono,
cansativo, que tentava confundi-los. E quase todos procuravam engasgar
os dirigentes do Mídia Ninja, com dois tipos de evolução. – 1 – Como
vocês vivem, com que recursos? 2 – Qual a ideologia de vocês?
Para minha sorte de repórter, Capilé retomou a palavra, inundou a
todos em casa e até no exterior. Nos 12 minutos da segunda fala, foi
sendo acompanhado por “postagem” no twitter, facebook e outras formas de
tecnologia.
Até do exterior vinham comunicações, como por exemplo Bernardo Mello
Franco, correspondente da Folha na Inglaterra. De Nova York, muitas, o
programa “bateu” audiência inédita.
Nessa segunda aparição, quebrando o silêncio generoso para não
humilhar ninguém, Capilé exibiu um repertório de dados e informações,
sufocando a bancada, fatos que não podiam ser assimilados ou
respondidos.
Puxa, foi cerebralmente de uma ponta a outra do país, desfilando
dados, números, como funciona o Mídia Ninja, e isso, segundo ele, com 10
anos de existência.
Lógico, não garanto que tudo era irrefutável, mas ninguém contestou
uma linha. Se não era verdade, é impossível “inventar” daquela maneira e
com a profusão de dados que desfilava.
Os que estavam na bancada, tentavam se defender usando 4 ou 5 minutos
para não pensar nada e 1 minuto para “construir” a pergunta. Quem não
sabe pensar não sabe redigir, seja de forma falada ou escrita.
A partir daí, o programa se arrastou, ganhava alguma vitalidade com
Pedro Torturra, mas eles evitavam ocupar o mesmo espaço ou o mesmo
tempo. No finalzinho, mais sabedoria da Pablo Capilé. Terminado o
programa, os entrevistadores, estáticos, naufragaram em terra seca. E
sabiam disso.
O Roda Viva, que pretendia destruir o Mídia Ninja, saiu da mesmice
habitual, para consagrá-los. Acho que eles, como este repórter, não
sabiam nada sobre o Ninja, que surpresa estonteante.
Tirando Capilé e Torturra, quem tirou nota 10 no programa foi Paulo
Caruso. Desenhos maravilhosos. E que texto. “Gozava” todos os
participantes, de forma irreverente, num traço magnífico. Mas com
contexto admirável, crítico, elegante, sem exagero. Puxa, Paulo, que
sucesso, o Millôr iria adorar.
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