Quarta, 11 de setembro de 2013
Paulo Metri
Conselheiro do Clube de Engenharia
Conselheiro do Clube de Engenharia
No momento atual, as decisões ou
colocações de autoridades governamentais, em busca insana de satisfação do
grande capital, se atropelam. Começaria lembrando que o ministro Edson Lobão
acabou de decretar que o TCU não serve para nada e, portanto, sua decisão não
precisa ser ouvida. De longa data, ele não ouve nenhuma reivindicação dos
movimentos sociais, como bom representante da oligarquia maranhense.
A diretora Magda Chambriard,
entrando na competição com o ministro, declara que a Petrobras não precisa ser
beneficiada pela lei 12.351, que a impõe como operadora de todos os blocos do
Pré-Sal com 30% de participação. Segundo ela, a Petrobras não tem “o problema
número um das empresas de petróleo", ou seja, a dificuldade de acesso às
reservas. Esta afirmação pode ter outra interpretação, pois a dificuldade de
acesso para a Petrobras significa mais chance para as multinacionais ganharem
maiores participações nos blocos.
Especulo que, se Aécio ou Serra
ganhassem as eleições de 2014, só para efeito de raciocínio, Lobão e Chambriard
poderiam pleitear continuar nos cargos e teriam total apoio das empresas
estrangeiras. Mas não devemos cometer, mais uma vez, o erro de demonizar
autoridades de baixo escalão, enquanto o mandante fica com a reputação ilesa.
Não existe a hipótese de Lobão e Chambriard terem feito o que fizeram sem ter a
aprovação da presidente Dilma.
Então, a pergunta certa é por
que a presidente Dilma quer leiloar Libra a qualquer custo? O leilão é
desinteressante para a sociedade brasileira, mas há uma razão para a presidente
cancelar este leilão sem nenhuma análise adicional. Ela própria, a Petrobras e
o Brasil foram espionados pelos Estados Unidos, para que, dentre outras razões,
empresas norte-americanas ganhassem concorrências no Brasil, o que atinge cada
brasileiro. Trata-se de um desrespeito só imaginado para nações inimigas em
tempo de guerra.
A cientista social Ana Esther
Ceceña, do Instituto de Investigaciones Económicas do México, em trabalho para
o II Fórum Social Mundial, afirma que: “após pesquisar em documentos do
‘Department of Defense’ (DoD) americano, os interesses vitais dos Estados
Unidos, em torno dos quais se organiza toda a atividade deste Departamento,
compreendem: (1) proteger a soberania, o território e a população dos Estados
Unidos; (2) evitar a emergência de hegemones ou coalizões regionais hostis; ...”.
Acredito que a ação de
bisbilhotar dos norte-americanos visava também “evitar a emergência de
hegemones”, no caso, de um hegemone ainda prematuro. Mas tenho a tese de que os
próprios brasileiros estão desrespeitando o Brasil, porque não estão deixando
claro para a governante brasileira que não gostaram das medidas protocolares
tomadas.