Sexta, 7 de fevereiro de 2014
Jornal do Brasil
O jornal londrino The Telegraph destaca que a imagem do Brasil
revela problemas faltando apenas 99 dias para a Copa do Mundo no país.
Na matéria publicada nesta quinta-feira (6/3) o jornal diz que para as
complexidades que enfrenta como um país em desenvolvimento, com 200
milhões de pessoas que vivem em circunstâncias muito diferentes, se
encontra reduzido dos seus atrativos mais famosos: futebol, carnaval,
praias e mulheres.
E comenta que o mercado
exterior não recebeu com surpresa o lançamento da camiseta de uma marca
famosa com o tema da Copa do Mundo onde aparece as curvas do corpo
feminino, como uma das vantagem
de se viajar para o torneio. As autoridades brasileiras reagiram com
indignação e a empresa retirou as camisetas de circulação na semana
passada, informa a reportagem. Mas o jornal considera que há
"contradições" na imagem nacional. "Embora parecendo horrorizada com o
sexismo perpetuado pela Adidas [empresa que lançou a camiseta] - o
governo denunciou a tentativa de criar estereótipos sexualizados - o
mesmo país comemorou o carnaval esta semana com a rede de TV principal, a
Globo, usando uma sambista nua como sua musa", diz o texto.
O
Telegraph chama o carnaval de "bacanal" e informa que, enquanto ele é
realizado no país durante quatro dias, nas ruas do Rio de Janeiro
imagens estereotipadas de "uma festa colorida e vibrante" é ofuscada por
uma greve de garis, que deixou um acúmulo de lixo por toda a cidade.
O
jornal lembra que quando o Brasil foi escolhido como anfitrião do
torneio, em 2007, a sua economia estava crescendo a uma ordem anual de
mais de cinco%. No entanto, nos anos seguintes a economia se estagnou e
os atrasos nos preparativos para a Copa levou a Fifa considerar a
transferência das partidas para longe de uma das 12 cidades sede.
Segundo a reportagem, as declarações otimistas no exterior do jogador
Ronaldo, ex-atacante e garoto-propaganda do Brasil, membro do Conselho
do LOC, não tem sido suficiente para evitar uma divisão no país.
O
jornal cita as manifestações realizadas no ano passado, durante a Copa
das Confederações, que serviu como um ensaio geral para a Copa do Mundo
de 2014, informando que as suas motivações foram por melhores
transportes públicos, contra os altos gastos públicos com a Copa, por
melhores qualidades de serviços na educação e saúde e maior segurança.
"E eles [manifestantes] logo tornaram alvo a Copa do Mundo: faixas onde
se lia "Fifa Go Home" e "não haverá uma Copa do Mundo" tornou-se uma
visão familiar", diz o texto.
O jornal revela ainda que
há preocupações dentro da Fifa de que os protestos aconteçam novamente
durante a Copa do Mundo, e está testando um esquema milionário de
segurança para atuar nas ruas. O apoio popular para sediar o torneio
caiu de quase 80% de novembro de 2008 para cerca de 50% no mês passado,
de acordo com dados do instituto de pesquisa Datafolha. Comitês
populares foram criados nas 12 cidades sede com o objetivo de monitorar
os preparativos para o torneio, além do seu impacto sobre os direitos
humanos, incluindo a discriminação contra os pobres.
A matéria
esclarece que muitas mudanças no transporte e na infraestrutura dos
estádios foram realizadas para atender aos padrões da Fifa, "uma
exigência que tem irritado quem acredita que os custos poderiam ser
aplicados com outras prioridades, como saúde e educação". "O problema é o
'Fifa standard'. Ele não dá nada de volta ao país. A organização de um
país é baixa para o estado, para o governo. Mas eles colocaram o
dinheiro público em entregar um padrão que a Fifa exige. Nossos estádios
são excelentes, mas eles têm que ter todo mundo sentado, tudo formal",
diz Claudia Favaro, representante do Comitê Popular de Porto Alegre, ao
jornal londrino.
De acordo com o jornal, uma das queixas dos
brasileiros são as remoções necessárias para abrir caminho para a
infraestrutura, afetando cerca de 11 milhões de pessoas que vivem em
favelas ou comunidades do tipo favela informais. E o legado percebido da
Copa do Mundo pode ser decisivo quando os brasileiros vão às urnas em
outubro, destaca a reportagem.