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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Em entrevista à Tribuna da Bahia, Jorge Hage, da CGU, diz que escândalo da Petrobras pode mudar o Brasil

Segunda, 1º de dezembro de 2014
Da Tribuna da Bahia
O ministro chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, disse em entrevista à Tribuna que o escândalo investigado pela Operação Lava Jato pode servir como um ponto de partida para uma grande mudança no Brasil, principalmente no combate à corrupção.

Falou ainda que é preciso fortalecer os órgãos de fiscalização e que estatais não devem ficar livres de uma rigorosa auditoria e controle interno.
Questionado sobre a possibilidade de o país parar por conta do envolvimento das principais empreiteiras brasileiras com os escândalos de corrupção, o ministro foi enfático ao afirmar que existem outras empresas no Brasil e fora do país com expertise, estatura para assumir obras.

“Não acredito nessa conversa de que essas são as únicas. É uma conversa que interessa a elas para criarem ambientes de terrorismo de que o país vai parar. Segundo lugar, o país não para também porque não acarreta a rescisão dos contratos para as obras em andamento. O que ele acarreta é a vetação de novos contratos. A participação dela em novas licitações. Mas não há cancelamento dos contratos em curso”, explicou.

Tribuna da Bahia - Estamos presenciando, talvez, o maior escândalo de corrupção que se tem notícia no país. Como o senhor está vendo isso? Jorge Hage – A população não tinha ideia da complexidade, da necessidade de destinar mais atenção e mais recursos humanos, materiais e financeiros, além da necessidade de uma maior articulação internacional para se combater a corrupção. Estou vendo com muita esperança de que isso signifique uma virada de página, uma mudança de patamar em termos da consciência geral para a importância do problema do combate à corrupção. O tamanho do escândalo, das cifras envolvidas, chocam a população, chocam todo o mundo e não acredito que depois do que está sendo mostrado e comprovado as coisas não mudem. Por razões óbvias, é muito importante o que está acontecendo. Então, agora é imprescindível que ferramentas como a Lei de Licitações para as empresas estatais, que está prevista na Constituição Federal desde 1998, seja colocada em prática, sobretudo, o que prevê a lei sobre licitações e contratos para as estatais, que até hoje não saiu do papel.

Tribuna – E por que é importante essa lei? Hage – De um lado ninguém imagina que seria razoável submeter uma estatal que opera no mercado em regime comercial como a Petrobras. É uma lei adequada, mas que ao meu ver já está velha, mas na época foi adequada para administração direta e não para empresas estatais que operem no mercado. Essas tem que ter um regime mais flexível. Mas o problema é que como não se fez até hoje esta lei para as estatais. A Petrobras foi para outro extremo e opera com base em um decreto cujas regras são absolutamente insuficientes. Na prática, não faz processo concorrencial. Faz convite. São empresas cadastradas na Petrobras. Aí seguramente está uma das causas facilitadoras para os absurdos que aconteceram. Não é a resposta total. Então, este é um evento. A destinação de maior atenção para estruturação de sistema de controle interno nas estatais é outra necessidade. Agora, depois do ocorrido, a Petrobras está decidindo criar uma Diretoria de Governança, de controle interno. Coisa que até hoje não tinha ocorrido fazer. Ora, isso combinado com a nova lei chamada lei anticorrupção, que chamo de lei da empresa limpa, que vem propugnando pela criação de compartimentos de controle interno, nada mais oportuno do que se atentar de que as empresas estatais também precisam disso. Esse é outro ganho que precisamos ter a partir desse lamentável evento.

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