Terça, 7 de
julho de 2015
Carolina Gonçalves - Repórter da
Agência Brasil
Hage, que falou como testemunha, negou
que a CGU tenha protelado as investigaçõesAntonio Cruz/Agência
Brasil
O ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Jorge
Hage disse hoje (7) que não há qualquer dúvida de que os documentos sigilosos
entregues à empresa holandesa SBM Offshore foram enviados com a senha do
ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, preso no último dia
2 pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).
“Confirmamos que houve vazamento de informações retiradas
do sistema da Petrobras, com uso da senha do senhor Jorge Zelada. Ele nega que
o fez, mas, no nosso entendimento, é responsável pela senha”, afirmou Hage.
Segundo ele, a confirmação foi um dos motivos que levaram à abertura de
processo contra o ex-diretor da estatal. Hage disse ainda que o vazamento foi
feito de um computador na residência de Zelada.
Jorge Hage, que está depondo como testemunha na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, negou que a CGU tenha protelado as
investigações. Ele afirmou que a controladoria começou a apurar denúncias de
irregularidades 48 horas depois de receber informações de um jornalista
estrangeiro.
Ele acrescentou que o resultado foi a abertura de
processos contra seis empregados, ex-empregados e ex-diretores da estatal -
Renato Duque, Nestor Cerveró, Jorge Zelada, José Orlando Melo de Azevedo, José
Augusto Salgado da Silva e José Eduardo Loureiro.
O ex-ministro foi convidado para explicar a acusação do
ex-funcionário da SBM Offshore e advogado Jonathan Taylor, segundo o qual a CGU
não investigou suspeitas de pagamento de propina no ano passado, por causa do
calendário eleitoral.
De acordo com a denúncia de Taylor, foram encaminhados à
CGU documentos confirmando que a empresa holandesa pagou US$ 139 milhões ao
empresário Júlio Faerman, ex-representante da SBM no Brasil, sendo a maior
parte do dinheiro usada para pagamento de propina a diretores da estatal.
Taylor disse que as informações não foram usadas por “motivação política”.
Hage desmentiu o advogado e afirmou que a CGU investiga o
caso desde fevereiro do ano passado, o que resultou em 13 processos punitivos
contra funcionários da Petrobras, três sindicâncias patrimoniais e no processo
de responsabilização de caráter punitivo contra a SBM. O ex-ministro disse
também que a controladoria decidiu não usar as informações de Taylor, porque
suspeitava que as provas eram ilegais e nada acrescentavam às investigações.
“Em nenhum momento, disse que eram desprezíveis. Todas as
informações foram checadas. Checamos o que confirmamos com prova legal. [As
informações de Taylor] chegaram em grande parte atrasadas porque já estávamos
investigando. Já tínhamos obtido muita coisa e não poderíamos utilizá-las
porque não eram legitimas”, concluiu Hage.
Quase quatro horas depois do início do depoimento, o
deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) acabou provocando um bate-boca na CPI ao
afirmar que o ex-ministro é cúmplice dos “cabeças” do esquema de irregularidades.
O parlamentar questionou a decisão da CGU de não usar as informações entregues
por Taylor afirmando que o órgão preferiu ouvir o acusado, a Petrobras, e não
considerar a palavra do advogado que, segundo ele, chegou a ocupar lugar de
destaque na SBM. Ao tentar responder os questionamentos, Hage e Lorenzoni não
se entenderam e falavam ao mesmo tempo.
Saiba Mais
- Informação da SBM sobre Petrobras não foram usadas por serem suspeitas, diz Hage
- CPI vai pedir retenção do passaporte de ex-representante da SBM Offshore