Da
Tribuna da Imprensa
Por Igor Mendes
No
dia 12 de julho do ano passado dezenas de ativistas populares do Rio de
Janeiro, entre independentes e militantes de distintas organizações, acordaram
com policiais invadindo suas casas, revirando suas coisas e cumprindo mandados
de prisão. Outras centenas –milhares, talvez?– foram atingidos pelo ambiente de
terror imposto pelo velho Estado aos que lutaram e lutam contra as injustiças
que marcam, como feridas históricas jamais cicatrizadas, a nossa sociedade. Não
é preciso falar a respeito dos arbítrios cometidos, principalmente contra os
mais pobres, durante a Copa do Mundo, nem muito menos sobre a corrupção e
imundície que caracterizaram esse evento e a máfia chamada FIFA, hoje desmoralizada
no mundo inteiro. Por denunciar essas arbitrariedades eu me tornei um dos 23 e,
meses depois, em virtude de participação em uma atividade cultural de cunho
público e pacífico, na Praça Cinelândia, a 15/10/2014, tive minha prisão
preventiva decretada e passei os últimos sete meses encarcerado em uma
penitenciária de segurança máxima em Bangu, enquanto as companheiras Karlayne
Moraes e Elisa Quadros tiveram suas fotos expostas como “FORAGIDAS” e
mantiveram-se em severa clandestinidade.
Disse
repetidas vezes, inclusive em Juízo, que o direito de manifestação, o direito
de lutar, que agora é atacado por esse Estado cada vez mais fascista, governado
por uma falsa esquerda oportunista, é, dentre todos os direitos, o mais
importante: sem ele nenhuma outra garantia pode ser conquistada, nem defendida.
No dia 22/06 último, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou não apenas
a minha liberdade e das duas companheiras, como revogou a medida cautelar que
nos proibia freqüentar manifestações, por considerar tal restrição
inconstitucional. Trata-se de uma grande vitória, não apenas nossa nem dos
ativistas do Rio, mas do movimento popular do Brasil inteiro, pois que cria um
precedente que pode vir a impedir que no futuro outras pessoas sejam
criminalizadas, e tenham cerceado seu sagrado direito à liberdade, simplesmente
por se manifestarem e expressarem. Foi uma vitória que cobrou um preço muito
caro, mas que exatamente por isso deve ser celebrada, e não só celebrada, mas
transformada em força para seguir em frente. Porque, afinal, Resistir é
preciso!
Por
isso espero encontrá-los nos debates que realizaremos no próximo dia 11/07, no
ENCONTRO NACIONAL CONTRA AS PERSEGUIÇÕES E PRISÕES POLÍTICAS, onde já confirmaram presença ativistas
de diversos Estados. E, também, na manifestação que realizaremos no dia 12/07,
domingo, com concentração a partir das 15:00h na Praça Saens Peña [Rio de Janeiro], para dizer a
todo o povo brasileiro que, como cantaram as multidões nas jornadas de junho de
2013: NÃO TEM ARREGO! (Nem agora, nem nunca...).
Lutar
não é crime!
Liberdade
aos presos políticos da cidade e do campo e extinção dos seus processos!
Liberdade
para Rafael Braga!
Abaixo
a redução da maioridade penal!
Evento
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