Terça, 16 de fevereiro de 2016
Do Alto da Torre
PINGUE PONGUE
Jornal de Brasília / Blog do Sombra
Ex-secretário da Casa Civil do governo Rodrigo Rollemberg, Hélio Doyle
diz que falta à atual gestão mais diálogo com a sociedade. Critica
duramente a Câmara Legislativa e diz que os deputados atrapalham o
governo. “Os deputados são chantagistas, sempre querem mais”, afirma, ao
dizer que a atual gestão cede à pressão do Legislativo.
Como o senhor avalia o governo Rollemberg?
É um governo que enfrenta muitas dificuldades, que tem procurado tomar
as medidas para que a situação volte à normalidade. Tem pontos positivos
e negativos.
Quais são os negativos?
O mais negativo deles é a incapacidade que demonstrou até agora de ter
um diálogo sistemático e consistente com a sociedade. Este problema está
associado a outros, como a falta de método. A crise financeira
atrapalhou o planejamento também. O governo ficou muito tempo apagando
incêndios. Acho que isso explica, mas não justifica, porque o governo
deveria ter planejamento, um rumo. A equipe fica meio perdida, meio
atabalhoada.
A relação com a Câmara Legislativa é um dos erros?
O governo poderia ter optado por métodos novos de fazer política, mas
entrou no convencional, na velha política. Mas de maneira envergonhada e
não consegue os benefícios que poderia ter. O governo foi loteado, mas
os deputados fazem o que querem. É a pior das situações.
Desde que saiu do governo, o senhor tem feito duras críticas ao Legislativo...
Os deputados não se sentem comprometidos com o governo, com a cidade.
Vários deles querem que o governo se dê mal, porque querem a volta dos
grupos que representam, incluindo a presidente da Casa (deputada Celina
Leão). A Câmara não ajuda, atrapalha. Os deputados trabalham pelos
interesses políticos e pessoais. Pensam apenas nos grupinhos que podem
reelegê-los. Um dos grandes erros que o governo cometeu foi aceitar as
imposições da Câmara, retirando projetos importantes. Na média, os
deputados são uma nulidade intelectualmente, politicamente. O governo,
em vez de enfrentar o debate, faz o que a Câmara quer. E deputado é saco
sem fundo, é chantagista. Sempre querem mais.