Segunda, 2 de abril de 2016
Por Celso Lungaretti
A presidente
Dilma Rousseff já tomou a decisão de, antes que o Senado a afaste do
cargo na sessão do próximo dia 11, enviar ao Congresso uma proposta de
emenda constitucional antecipando a eleição presidencial para 2 de
outubro. É o que garante o site petista Brasil 247 (vide aqui).
A iniciativa teria o apoio dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e
Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), bem como dos senadores Paulo
Paim, Jorge Viana e Lindbergh Farias.
Paim declarou estar consciente de que, no momento, não haveria como
conseguir 3/5 dos votos dos parlamentares, em duas votações na Câmara e
outras duas no Senado, que é o necessário para a aprovação de uma PEC:
"Só seria viável se houvesse um grande entendimento entre Executivo e
Congresso".
Enfim, o tempo urge e, para que tal PEC vingue, será necessária uma
mobilização imediata e irrestrita de todos que se opõem a um Governo
Temer.
E é aí que a porca torce o rabo. Embora já admita a inexorabilidade do
seu afastamento do cargo por até 180 dias, Dilma se mostra, contudo,
disposta a arrastar sua agonia até o mais amargo fim, na esperança de
uma (pra lá de improvável) salvação no Senado, quando este discutir a
perda definitiva ou não do seu mandato, provavelmente no quarto
trimestre.
Pretende, p. ex., passar meses no périplo chororô, percorrendo o mundo para tentar fazer passar por golpe um episódio igualzinho àquele que, em 1992, ficou corretamente conhecido pelo nome de impeachment.
Se o PT fizer, ao mesmo tempo, duas apostas que apontam em direções contrárias (1. salvar o mandato de Dilma; e/ou 2. forçar a realização de nova eleição presidencial), parecerá a todos que encara a reedição das diretas já apenas e tão somente como prêmio de consolação, então jamais conseguirá reunir apoios suficientes para alcançar qualquer um dos objetivos.
Vai daí que o
dia 11 será o momento ideal para a última iniciativa capaz de ainda
alterar o rumo dos acontecimentos: Dilma renunciar e exigir publicamente
que Temer faça o mesmo, em nome dos interesses
superiores do povo brasileiro, que está tendo de suportar nossa maior
recessão de todos os tempos e um desemprego que já ultrapassou a casa de
11 milhões.
Aí, sim, a campanha pela nova diretas já poderá decolar e fazer a diferença. Caso contrário, a PEC de despedida, embora represente a melhor solução possível nas circunstâncias atuais, cairá inevitavelmente no vazio.