Quarta, 18 de outubro de 2017
As veias abertas do Sistema de Saúde
Dr.
Sebastião Gomes Pedrosa*
Nos Gabinetes Governamentais e nas salas de
Diretorias e Chefias, que controlam o Sistema Público de Saúde, não existem
propósito e nem visão genuína, não existe aspiração (intenção), missão e nem
autodomínio, não existe transparência e nem planejamento estratégico.
A inexistência de princípios indispensáveis ao
gerenciamento de qualquer organização que aprende, já seria o suficiente para o
setor apresentar graves problemas de sustentabilidade. Mas também, some-se a
isto, à falta de preparo e a inexistência de compromisso de Diretores e Chefias
que, corrompidos moralmente e sem vocação para gestão, com improbidades
contribuem diretamente com a perpetuação do caos estabelecido nos serviços de
saúde.
Neste contexto, não há remédio que possa
estancar a sangria crônica e criminosa que cinicamente espolia as instituições
de saúde. Que enfraquecidas pelo mau gerenciamento e minadas pela corrupção,
perdem a capacidade de atenderem as demandas em saúde da População.
No Distrito Federal, médicos e demais
trabalhadores do setor, ao longo de anos, convivem com esta realidade caótica e
sem precedentes. Sabem que o problema não pode ser explicado apenas pela falta
de investimentos no setor e que as ingerências políticas, a má gestão e a
corrupção são fatores determinantes para o caos estabelecido.
O Sistema, ao longo de anos, vem sendo
administrado através de um modelo de vassalagem medieval, onde oportunistas
envelopados, indicados, nomeados e controlados por Gangsteres da política,
usurpam as instituições e, sem capacitação para compreensão do complexo ou
energia para a inovação, estabelecem mecanismos de gestão precários, com a
adoção de escolhas dentro de um espaço de tempo em troca do usufruto de
benefícios no momento presente.
Este trade off de trocas intemporais, motivadas
com o único objetivo de favorecer a realização de um fim, que impede a tomada
de decisões consistentes e adequadas, esvai as instituições em suas
competências, compromete as suas sobrevivência e diante de incertezas não
conseguem acompanhar as demandas crescentes de usuários cada vez mais
exigentes.
Em paralelo, desenvolvem-se relações de trabalho
verticalizadas e precárias, baseadas apenas na troca de favores, que não
valorizam competências e nem resultados, mas solapam a construção de culturas
baseadas em valores e deixam as instituições cada dia mais vulneráveis para
golpes de oportunistas em busca do poder ou do dinheiro.
Neste contexto, percebe-se que existe um grande
desafio para a construção de um novo modelo de sustentabilidade do Sistema
Público de Saúde. Todavia, nada impossível de ser feito se houvesse interesse
político para perceber a vulnerabilidade do Sistema diante dos mecanismos de
Gestão que vem sendo praticados.
E diante da atual realidade tornar-se-ia
arquetípico, estratégias para o enfraquecimento das hierarquias tradicionais de
administração. O que livraria as instituições das ingerências políticas,
permitiria a formação e seleção de novos perfis de chefias e abriria espaços nas
instituições para um ambiente de aprendizado e de construção de culturas
altruístas e de respeito às instituições e a seus usuários.
Do contrário, todo o sistema de saúde vai
continuar vítima da clássica deficiência de aprendizagem. E, acomodado em um
estado permanente de apagar incêndios, continuará de portas abertas para
oportunistas malformados e mal remunerados, apoucados de princípios ou de
práticas orientadoras, muitos exíguos descenso de compromisso e de missão,
outros portadores de transtornos mentais que os transformam em caracteropatas frios e indiferentes,
motivados apenas pela oportunidade do ganho fácil, que fazem de tudo para não
comparecerem ao trabalho e quando comparecem nada produzem.
Estes Senhores, quase sempre envoltos em um
sistema de negação e de transferências de responsabilidades, esquecidos da
própria dignidade, aprisionados e sem empatia, convivem com o caos e com o
sofrimento da população, sem demonstrarem culpa ou compaixão.
E, neste cenário insano, de entrega e servidão,
os serviços de saúde continuarão desviados de suas atividades fins, usados para
atender interesses de políticos sem ideal e mal intencionados; espoliados pela
má gestão e defraudados pelas corporações, continuarão se contorcendo
dolorosamente. Os servidores continuarão sem ter a quem recorrer. E a população
doente, continuará a mercê desta política perversa, à mendigar atendimento
médico e disputando macas frias e desnudadas, nos Serviços de Prontos Socorros
das instituições.
Existem exceções, é claro, mas a maioria dos
serviços que apresentam os piores índices de qualidade, estão sob o controle
desses oportunistas, que organizados e sustentados por sistema de vassalagem,
sindicatos ou partidos políticos, tornam-se frios e indiferentes ao caos sob os
seus comandos.
Não dividem espaços, são erráticos e inseguros.
Avessos a transparência e contraditórios, não estabelecem um clima de
confiança. Não delegam poderes para não perderem o controle e são contrários à
novas culturas. Empoderados pela hipocrisia em seus modelo mentais, não
respeitam as diferenças individuais. E com percepções equivocadas e sem
credibilidade, tornam-se Intolerantes e com maledicências, detratam e tentam
execrar todos aqueles que, com ares de atrevimento, se recusam a conviver
passivamente com o jeito petista de gerir a coisa pública. E, ai de quem se
atreva a enfrentá-los.
As imagens do vídeo ora divulgado
(portrasdojalecobranco.blogspot.com.br), apesar de reais e repulsivas, não são
do conhecimento da população, mas são comuns em toda a Rede de Saúde. É uma
realidade que é mantida em relativo segredo pelos trabalhadores das
instituições, que temerosos de represália ou por acomodação cultural, não às
tornam público, permitindo com isso, que os verdadeiros culpados permaneçam
invisíveis e impunes.
Trata-se da UTI de um Hospital público do
Distrito Federal, que foi inaugurado em Abril de 2012 com 30 Leitos, sendo 20
Leitos destinados a adultos e 10 Leitos que seriam destinados à pediatria.
A Unidade
destinada a Pacientes adultos, funciona precariamente – sem chefia médica, sem
rotinas e sem qualquer preocupação com índices de qualidade – e a Unidade
Pediátrica, apesar de totalmente equipada, nunca foi colocada em funcionamento
e foi simplesmente abandonada e largada sem quaisquer cuidados. E hoje muitos
dos equipamentos já estão totalmente deteriorados, enquanto crianças sofrem,
esperam e morrem a espera de um Leito de UTI.
*O Dr. Sebastião Gomes Pedrosa é médico, com especialização e
titulação em Cardiologista e Especialista em Gestão Empresarial com Ênfase em
Estratégia Bsb 09/6/2014
Texto e vídeo publicados aqui no Gama Livre em 22 de junho de 2014. Originalmente publicado no:
Texto e vídeo publicados aqui no Gama Livre em 22 de junho de 2014. Originalmente publicado no:
portrasdojalecobranco.blogspot.com.br
A pergunta que não quer calar: O que mudou de lá pra cá? Se mudou, foi pra pior?
A pergunta que não quer calar: O que mudou de lá pra cá? Se mudou, foi pra pior?