Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Impossibilitada de fazer uma checagem geral na população, até por que não possui kits de exames em quantidade, a estrutura de Saúde do DF está diante hoje de uma bomba relógio que não sabe quando vai explodir e em que proporções. O Saúde em Casa em Casa propiciaria um termômetro prévio e, até mesmo, a adoção das medidas atenuantes.
Por Chico Sant'Anna
O ano era 1997. O local, Santa Maria, uma comunidade surgida de um assentamento ainda toda desprovida de infraestrutura. Ruas de chão, a água era obtida em latões junto aos chafarizes – nomes requintados para bicas d’água onde se aglomeravam baldes de todos os tamanhos. Apenas um posto de saúde pra tanta gente, vivendo em condições tão precárias. Qualquer necessidade maior, o caminho era o Hospital Regional do Gama. E foi ali, nessa singela cidade que nasceu um dos mais revolucionários programas de Saúde Pública do Distrito Federal, o Saúde em Casa. Da junção de experiências internacionais, tais como a inglesa, chinesa e cubana, Brasília executou um modelo de assistência revolucionário que reduziu as filas hospitalares, baixou as taxas de mortalidade infantil e materna, ampliou as coberturas vacinais e deu atendimento domiciliar a gestantes, nutrizes e idosos.
Um dos grandes segredos da eficiência do Saúde em Casa foi o mapeamento da população assistida. A cada mil residências, existia uma equipe composta de dez profissionais, formada por médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagens e agentes comunitários de saúde. Cada agente era responsável por 250 casas e ele mesmo precisava ser um morador das redondezas. Como o levantamento prévio do perfil da população, sabia-se quantos hipertensos, diabéticos, gravidas, deficientes físicos, mentais, crianças menores de cinco anos, imunodeprimidos, lactantes existiam na comunidade. Com o raio-x da Saúde local era possível planejar e executar uma política de saúde preventiva, evitando-se as filas, viabilizando internações domiciliares e garantindo atendimento aos moradores sem que esses fossem obrigados a ir para as filas de centros de saúde e hospitais.
Em menos de dois anos, o Saúde em Casa passou a cobrir praticamente todas as cidades satélites do DF. Da Saúde básica deu se início ao referenciamento aos especialistas e equipes de odontologia foram criadas. Para cada duas mil famílias, um consultório montado, com uma oficina protética dando retaguarda. De Planaltina a Brazlândia, de São Sebastião ao Núcleo Bandeirante, do Gama a Fercal todos estavam cobertos.