Sábado, 11 de setembro de 2021
Em 11 de setembro de 1973, o Chile amanhecia em trevas. As Forças Armadas, sob o comando do General Augusto Pinochet, com o estímulo e cooperação do Governo dos Estados Unidos, bombardearam e invadiram o Palacio de la Moneda, sede da Presidência, dando um golpe no governo democrático e socialista da Unidade Popular. Implantaram a ditadura do terror, que assassinou cerca de 3 mil pessoas, torturou 40 mil e exilou centenas de milhares.
O Presidente da República, Salvador Allende, não renunciou nem se entregou. Defendeu, até o último momento, o mandato democrático que o povo chileno lhe conferiu. Em seu último discurso, transmitido pelo rádio desde o palácio presidencial onde resistia, nas suas últimas horas de vida, expressou sua convicção de que o seu sacrifício não seria em vão, e anunciou: "Sigam sabendo vocês que, muito mais cedo do que tarde, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor". Rafael Alberti, grande poeta andaluz, escreveu no dia seguinte: "Ontem, no Chile, morreu um homem/Hoje mesmo, milhares de outros já se levantam/ A morte não acaba nada!"
A insurgência popular das ruas chilenas é desdobramento direto desses acontecimentos, que precisou instaurar a ditadura mais sangrenta da América do Sul, para implantar o neoliberalismo mais selvagem e desumano, que agora será derrubado pela nova constituição que está nascendo no Chile, tendo uma indígena Mapuche como presidente.
Para honrar a memória de Salvador Allende, Victor Jara, Pablo Neruda e tantos outros que tombaram na batalha chilena pela construção de uma sociedade justa e digna, é preciso que jamais nos esqueçamos desse fato histórico, e de que o nosso 11 de Setembro é outro!
*Fonte: Instagram de Juan Ricthelly.
Juan Ricthelly é advogado, ambientalista militante, coordenador da Ong Gama Verde, filho e morador do Gama, e líder comunitário da sua cidade.
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