Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CONVERSA PÚBLICA: o Haiti e a missão da ONU

Terça, 20 de dezembro de 2011
Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo

Na semana passada mais um escândalo se abateu sobre a missão brasileira no Haiti. Oito soldados brasileiros teriam espancado dois haitianos na capital, Porto Príncipe.

É mais uma escândalo para uma população que já tem mostrado sinais de revolta contra a longa presença da ONU no país. Em setembro diversos protestos aconteceram na capital, pouco depois de um vídeo vazar para a internet mostrando o suposto estupro de um jovem haitiano por soldados uruguaios. Em novembro, uma ONG de direitos humanos processou a ONU por levado a epidemia de cólera para o Haiti. A doença já atingiu 500 mil pessoas e matou mais de 6.600.

Diante de tantas denúncias, a Pública conversou com dois jornalistas que cobrem de perto o Haiti. Eles foram os responsáveis pela publicação dos documentos do WikiLeaks no país.

“Com o tempo o cinismo e desprezo pela ONU viraram hostilidade e raiva”, diz Kim Ives. “O problema da cólera agora está gravíssimo”. Kim Ives cresceu num bairro haitiano em Nova York e cobre o Haiti desde 1983, quando dirigiu o premiado documentário “Bitter Cane”, filmado secretamente durante a ditadura de Baby Doc. Hoje é editor do jornal independente Haiti Liberté.

“Foi uma negligência criminosa por parte da ONU que levou a uma epidemia que afetou 5% de toda a população. Quando isso aconteceu, eles deveriam agir rapidamente para conter o problema. Mas não agiram. Foram irresponsáveis duas vezes”, completa Dan Coughlin, colaborador do jornal americano The Nation.