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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Pesadelo! Demissão coletiva de pediatras de contrato temporário do Pronto Atendimento Infantil/Pediatria do HRG. Será apenas um pesadelo?

Sexta, 7 de abril de 2017
 Foto 31 março 2017. Arquivo Gama Livre 

Estava dormindo hoje cedo e tive um pesadelo. 

Veja qual.

Sonhei que o Pronto Atendimento Infantil (PAI) e a Pediatria do Hospitial Regional do Gama (HRG) voltaram a funcionar;

Sonhei que o governo do Distrito Federal de 2015 para cá, portanto há mais de dois anos, não realizou concurso público para médicos efetivos, inclusive para o PAI e a Pediatria do HRG;

Sonhei que o GDF em agosto do ano passado fechou o PAI —depois de já ter fechado a Pediatria—, deixando crianças, mães e demais familiares de tais crianças na angústia. Quem quisesse, vi no sonho, cuidar da sua criança que viajasse 30 ou 40 quilômetros para outra região administrativa de Brasília. Se desse sorte, lá teria atendimento médico.

Sonhei que o governo do DF, sob pressão da comunidade e sociedade organizada (fóruns, associações, sindicatos) havia, em fevereiro, reaberto a Pediatria e o PAI. E que na festa de “reinauguração” houve festa, discurso, palmas, salgadinhos, puxa-saquismo;

Sonhei que para cá vieram 23 ou 24 —o número não ficou muito claro no meu sonho, como também nas informações inicialmente passadas pelo GDF— médicos pediatras de contratos temporários, apesar de que, ainda no meu sonho, fui alertado por um anjo que os médicos deveriam ser concursados, e do quadro efetivo;

E o sonho parou por aí. Daí em diante, foi só pesadelo. Veja como.

Tive o pesadelo que logo nos primeiros dois ou três dias de “funcionamento” o PAI ficou sem o quadro completo de pediatras. Bebês choravam na sala de espera, ou no frio, se noite, ou calor, se dia, na porta do Pronto Atendimento Infantil.

E continuou o pesadelo. A cada dia o quadro de pediatras sofria uma baixa. Alguém não suportava as más condições de trabalho, a sobrecarga, e pedia demissão.

E continuou o pesadelo:

Do quadro inicial de 23 ou 24 (variava de acordo com a Secretaria de Saúde), um pediatra pediu demissão;

No outro dia, mais um. Era o segundo;

Adiante, o terceiro pediatra;

O quarto pediatra pediu demissão;

Eu tentava interromper esse desgraçado de pesadelo, mas não conseguia.

O quinto pediatra pediu demissão;

O sexto pediatra pediu demissão;

O sétimo pediatra pediu demissão;

O oitavo pediatra pediu demissão;

O nono pediatra pediu demissão;

O décimo pediatra pediu demissão;

O décimo primeiro pediatra pediu demissão;

O décimo segundo pediatra pediu demissão;

O décimo terceiro pediatra pediu demissão;

O décimo quarto pediatra pediu demissão;

O décimo quinto pediatra pediu demissão;

Quase ao fim do meu sonho, verdadeiro pesadelo, vi os últimos seis ou sete pediatras que restaram se preparando, para, coletivamente, pedirem demissão e deixar ZERADO o Pronto Atendimento Infantil do Hospital Regional do Gama.

Neste momento fiz um esforço para acordar, sair daquele pesadelo, e, assim, abortar aquela demissão coletiva de nossos pediatras, que deixarão ainda mais sacrificadas as nossas criancinhas e mais angustiadas as suas famílias.

Ufaaa!!! Acordei!

Mas aí esse desgraçado do WhatsApp da sinal de que alguma mensagem acabara de chegar. Ainda com o coração aos saltos, em razão do terrível pesadelo, passo a mão no celular, clico na mensagem.

Ai, meu Deus! Tomara que eu tenha sonhado que acordei, mas não tenha acordado. Infelizmente tinha acordado mesmo.

Um conhecido, que costuma saber das coisas da área da saúde pública, dá uma notícia bem pior do que o pesadelo, até porque não era pesadelo.

Dizia a notícia: pediatras do PAI e Pediatria do HRG estão articulando possível demissão coletiva.

Quer pior pesadelo do que este? Tomara que seja um pesadelo apenas.

Acorda, Rollemberg!!
Não venham dizer que é apenas um pesadelo meu. O pesadelo maior é para nossas crianças e familiares. 

 Foto março 2017. Arquivo Gama Livre

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