Foto 31 março 2017. Arquivo Gama Livre
Estava dormindo hoje cedo e tive
um pesadelo.
Veja qual.
Veja qual.
Sonhei que o Pronto Atendimento
Infantil (PAI) e a Pediatria do Hospitial Regional do Gama (HRG) voltaram a
funcionar;
Sonhei que o governo do Distrito
Federal de 2015 para cá, portanto há mais de dois anos, não realizou concurso
público para médicos efetivos, inclusive para o PAI e a Pediatria do HRG;
Sonhei que o GDF em agosto do ano
passado fechou o PAI —depois de já ter fechado a Pediatria—, deixando crianças,
mães e demais familiares de tais crianças na angústia. Quem quisesse, vi no
sonho, cuidar da sua criança que viajasse 30 ou 40 quilômetros para outra
região administrativa de Brasília. Se desse sorte, lá teria atendimento médico.
Sonhei que o governo do DF, sob
pressão da comunidade e sociedade organizada (fóruns, associações, sindicatos)
havia, em fevereiro, reaberto a Pediatria e o PAI. E que na festa de
“reinauguração” houve festa, discurso, palmas, salgadinhos, puxa-saquismo;
Sonhei que para cá vieram 23 ou 24
—o número não ficou muito claro no meu sonho, como também nas informações inicialmente
passadas pelo GDF— médicos pediatras de contratos temporários, apesar de que,
ainda no meu sonho, fui alertado por um anjo que os médicos deveriam ser concursados,
e do quadro efetivo;
E o sonho parou por aí. Daí em
diante, foi só pesadelo. Veja como.
Tive o pesadelo que logo nos
primeiros dois ou três dias de “funcionamento” o PAI ficou sem o quadro
completo de pediatras. Bebês choravam na sala de espera, ou no frio, se noite,
ou calor, se dia, na porta do Pronto Atendimento Infantil.
E continuou o pesadelo. A cada dia
o quadro de pediatras sofria uma baixa. Alguém não suportava as más condições
de trabalho, a sobrecarga, e pedia demissão.
E continuou o pesadelo:
Do quadro inicial de 23 ou 24
(variava de acordo com a Secretaria de Saúde), um pediatra pediu demissão;
No outro dia, mais um. Era o
segundo;
Adiante, o terceiro pediatra;
O quarto pediatra pediu demissão;
Eu tentava interromper esse
desgraçado de pesadelo, mas não conseguia.
O quinto pediatra pediu demissão;
O sexto pediatra pediu demissão;
O sétimo pediatra pediu demissão;
O oitavo pediatra pediu demissão;
O nono pediatra pediu demissão;
O décimo pediatra pediu demissão;
O décimo primeiro pediatra pediu
demissão;
O décimo segundo pediatra pediu
demissão;
O décimo terceiro pediatra pediu
demissão;
O décimo quarto pediatra pediu
demissão;
O décimo quinto pediatra pediu
demissão;
Quase ao fim do meu sonho,
verdadeiro pesadelo, vi os últimos seis ou sete pediatras que restaram se preparando, para,
coletivamente, pedirem demissão e deixar ZERADO o Pronto Atendimento Infantil
do Hospital Regional do Gama.
Neste momento fiz um esforço para
acordar, sair daquele pesadelo, e, assim, abortar aquela demissão coletiva de
nossos pediatras, que deixarão ainda mais sacrificadas as nossas criancinhas e
mais angustiadas as suas famílias.
Ufaaa!!! Acordei!
Mas aí esse desgraçado do WhatsApp
da sinal de que alguma mensagem acabara de chegar. Ainda com o coração aos
saltos, em razão do terrível pesadelo, passo a mão no celular, clico na
mensagem.
Ai, meu Deus! Tomara que eu tenha
sonhado que acordei, mas não tenha acordado. Infelizmente tinha acordado mesmo.
Um conhecido, que costuma saber das
coisas da área da saúde pública, dá uma notícia bem pior do que o pesadelo, até
porque não era pesadelo.
Dizia a notícia: pediatras do PAI
e Pediatria do HRG estão articulando possível demissão coletiva.
Quer pior pesadelo do que este?
Tomara que seja um pesadelo apenas.
Acorda, Rollemberg!!
Não venham dizer que é apenas um pesadelo meu. O pesadelo maior é para nossas crianças e familiares.
Não venham dizer que é apenas um pesadelo meu. O pesadelo maior é para nossas crianças e familiares.
Foto março 2017. Arquivo Gama Livre
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