Segunda, 6 de fevereiro de 2012
Por Carlos Newton
Reportagem de Gabriel Mascarenhas e Guilherme Amado, no Correio
Braziliense, mostra que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), escolhido
pela presidente Dilma Rousseff para comandar o Ministério das Cidades,
aumentou seu patrimônio em mais de duas vezes e meia entre 2006, quando
era deputado estadual na Paraíba, e 2010, ano em que foi eleito para o
primeiro mandato na Câmara dos Deputados.
No período, segundo as declarações de bens que ele entregou ao
Tribunal Superior Eleitoral, o futuro ministro teve uma variação
patrimonial de 164,6%: o total de seus bens saltou de R$ 1,35 milhão
para R$ 3,57 milhões.
Para efeito de comparação, a reportagem mostra que a média de
valorização do patrimônio dos deputados federais entre 2006 e 2010 foi
de apenas 5,2%. Neste mesmo período, Aguinaldo recebia somente R$ 12,4
mil por mês como deputado estadual da Assembleia Legislativa de seu
estado.
Ainda assim, ao longo de apenas quatro anos, o parlamentar comprou
dois imóveis, entre eles uma casa de R$ 410 mil, além de dois terrenos e
três carros de luxo, sendo um modelo Frontier, ano 2007, por R$ 127
mil. No mesmo período, o então deputado estadual investiu em cabeças de
gado, ações, aplicações em renda fixa e até poupança, em que manteve
singelos R$ 133,49.
Agora vem a Folha, em reportagem de Breno Costa e Silvio Navarro,
anunciando que o novo ministro das Cidades ocultou da Justiça Eleitoral
nas últimas eleições o fato de ser dono de quatro empresas. Duas delas
têm atuação na área da construção civil e incorporação de imóveis,
atividades ligadas ao ministério que ele comandará oficialmente a partir
de hoje. O Ministério das Cidades tem como um de seus carros-chefes as
ações na área da habitação social. Nada mal, não é mesmo?
31.mai.11/Agência Câmara |
Futuro ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP) |
Depois de desmascarado pela imprensa, o ministro Aguinaldo Ribeiro
afirmou, por meio de sua assessoria, que não declarou à Justiça
Eleitoral, mas declarou à Receita Federal ser sócio das empresas e disse
que irá se desligar delas para chefiar o Ministério das Cidades.
Ele não explicou, entretanto, o motivo de ter omitido as informações
em sua declaração à Justiça Eleitoral quando se candidatou a deputado
federal nas eleições de 2010. Mas o motivo é óbvio – as informações à
Justiça Eleitoral são públicas, qualquer pessoa pode acessar, enquanto
as informações à Receita Federal são sigilosas, só acessáveis mediante
autorização judicial.
Com tamanho talento, Aguinaldo Ribeiro está indo para o ministério
errado. A presidente Dilma Rousseff melhor faria se o nomeasse para o
ministério da Fazenda, para que ajudasse o governo a multiplicar o
desenvolvimento do país, com a mesma rapidez com que ele consegue
aumentar seu patrimônio pessoal.
Fonte: Blog da Tribuna