Terça, 15 de janeiro
de 2013
Por Ivan de Carvalho

A senadora socialista não deu outras
indicações, mas é evidente que no PSB não há ninguém com densidade política e
eleitoral suficiente para entrar na disputa, a não ser ela mesma.
Assim, por evidente, pode-se
dizer que Lídice da Mata avisou que o PSB tem a intenção de lançar a
candidatura de Lídice da Mata ao governo do Estado.
Podem-se levantar hipóteses sobre
a motivação da senadora para fazer a manifestação que fez. Três seriam, quase
certamente, as principais:
a) uma estratégia de valorização
política do partido e mesmo de sua liderança política pessoal no processo
sucessório, independente do resultado ser, de fato, a candidatura socialista a
governador.
b) um jogo combinado com um ou
mais de um partido da coalizão para provocar uma certa desestabilização no
quadro que estava até então colocado. Essa hipótese parece a menos provável e
sequer dá para sugerir, apenas por dedução ou indução, sem informações, o que
se poderia estar querendo enfraquecer e o que se buscaria fortalecer.
c) A disposição socialista de
lançar uma candidatura própria ao governo seria para valer. Não a consumar-se
com certeza, mas para ser feito tudo que possível para concretizar a idéia.
Essa terceira hipótese não parecia tão provável quanto a primeira nem tão
improvável quanto a segunda. Mas acaba de ganhar um reforço.
Ontem, o colunista Ilimar Franco,
de O Globo, publicou a seguinte nota:
“A decisão não foi anunciada, mas já foi tomada, o governador Eduardo Campos
será candidato à presidência em 2014. O PSB diz que não é uma decisão pessoal,
mas do partido. Explica que não deve nada a ninguém e que está na hora de se
emancipar, pois apoiou o ex-presidente Lula por 24 anos. O PSB não crê na vice
e considera o casamento entre PT e PMDB indissolúvel”.
Como todo mundo sabe, o
governador Eduardo Campos, de Pernambuco, é o presidente nacional do PSB e tem
o controle do partido da senadora Lídice da Mata. E, apesar de declarações
esquivas que vem fazendo e das conversas com a presidente Dilma Rousseff (a
última, em Inema, na Bahia, no começo do ano, durante uns dias de férias da
presidente, que contou com a assistência do governador Jaques Wagner para a
conversa), Eduardo Campos não consegue – certamente porque não quer – sair da
lista de presidenciáveis.
Eduardo Campos está no seu
segundo mandato de governador, não pode mais ser reeleito. Aceitaria muito
provavelmente o lugar de vice na chapa de Dilma Rousseff (ele nunca fala numa
eventual candidatura de Lula, ao invés de Dilma, pois é uma hipótese que não
lhe interessa, já que, uma vez eleito, Lula poderia, em 2018, tentar a
reeleição). Mas o PSB e o próprio Campos estão entendendo que não dá para tirar
a vice do PMDB. Este ainda é um partido grande demais para levar um desrespeitoso
e formal chute no traseiro.
Então, o PSB teria decidido que
Eduardo Campos será candidato em 2014. Com o assentimento dele, do contrário
não haveria tal decisão. Claro, falta ainda um ano e meio para a formalização
das candidaturas e, por mais exata que possa ser a nota de Ilimar Franco,
coisas podem mudar. O PSB e Campos têm de viabilizar eleitoralmente a
candidatura deste.
É aí que voltamos àquela terceira
hipótese sobre a candidatura socialista ao governo da Bahia – a de que a
disposição seria para valer. Lídice da Mata seria candidata ao governo
principalmente ou inclusive para dar consistência política e de campanha à
candidatura de Eduardo Campos. E a candidatura deste poderia até ajudar a dela.
Haveria uma sinergia benéfica para as duas.
Se Lídice vencer, maravilha. Se
perder, prossegue em seu mandato de senadora por mais quatro anos – até 2018.
Suave derrota.
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Este artigo foi publicado originariamente na
Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.