Sábado, 5 de janeiro de 2013
Da IstoÉ, edição 22515
Seis anos depois de deixar a
presidência do Senado acossado por denúncias de corrupção, Renan
Calheiros manobra nos bastidores e se torna favorito para comandar o
Congresso
Josie Jeronimo
SEMPRE NO TOPO
Só uma catástrofe pode tirar a vitória de Renan
Há seis anos, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixou a
presidência do Senado pela porta dos fundos. Acusado de ter despesas
pessoais pagas por uma empreiteira, Renan teve suas contas devassadas,
perdeu musculatura política e não lhe restou outra saída senão renunciar
ao posto. Conseguiu, porém, evitar a cassação do mandato em plenário e,
agora, é considerado nome certo para comandar o Congresso até 2014, ano
da corrida presidencial. Convencido do seu amplo favoritismo, Renan
procurou fugir dos holofotes nos últimos dias. Só uma catástrofe tira a
sua vitória. Como maior bancada do Senado, o PMDB tem a prerrogativa de
indicar o novo presidente. Além de não possuir adversários em condições
de derrotá-lo no interior do partido, Renan conta com a simpatia de
legendas da oposição, como o PSDB, partido que ajudou a fundar na década
de 1980. No apagar das luzes de 2012, senadores da chamada ala rebelde
do PMDB até ensaiaram lançar uma candidatura alternativa. Foram
cogitados os nomes dos senadores Luiz Henrique (SC) e Waldemir Moka
(MS), mas eles recuaram, cientes da falta de votos para superar Renan. “Só entro
na disputa se tiver a certeza da vitória”, blefou Luiz Henrique,
praticamente jogando a toalha.
A recuperação de Renan e sua volta ao comando do Senado, seis anos
depois de ser defenestrado da principal cadeira do Congresso, confirmam a
máxima de que a Casa é uma espécie de associação entre amigos. O
político disposto a atender aos anseios do “clube” se credencia
politicamente até ser alçado ao poder. Na lógica desse modelo, só pode
alcançar o posto máximo do Senado quem for capaz de conciliar os
interesses – muitas vezes escusos e nem sempre salutares para a
democracia – de todos. Conhecedor dos meandros e subterrâneos do
Legislativo, Renan soube trilhar esse caminho com desenvoltura. Com a
eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Casa, ele se
rearticulou e voltou a ter o comando do PMDB e de partidos da base
aliada. A retomada da força política de Renan ficou clara durante a CPI
de Carlinhos Cachoeira, quando o governo precisou de seu partido e ele
atuou para evitar maiores transtornos para aliados do Planalto durante
as investigações. Teve êxito na iniciativa.
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