Domingo, 13 de janeiro de 2013
Luiz Filipe/UnB Agência |
Guilherme
Santos, da Farmacologia Molecular, comentou em uma das maiores revistas
do mundo como o conhecimento científico pode ser utilizado para o
alavancar o desenvolvimento brasileiro
Naiara Leão - Da Secretaria de Comunicação da UnB
“Se você
tivesse sido eleito para o mais alto cargo de sua nação, como usaria a
ciência para resolver o maior desafio de seu país?” Respondendo a essa
pergunta, o professor Guilherme Santos, da Farmacologia Molecular da
UnB, publicou uma carta na edição de 4 de janeiro da Science, uma das
revistas científicas mais prestigiadas do mundo. A publicação promoveu
um concurso sobre o tema e recebeu aproximadamente 200 respostas de
cientistas de todo o mundo, das quais 14 foram selecionadas. O artigo de
Guilherme aponta a preocupação com a corrupção e a formação científica
desde o ensino básico como fator essencial para solucionar o problema.
“Indiretamente,
a corrupção mata mais do que o câncer ou a aids. Se esses bilhões de
reais fossem investidos em saúde, educação ou ciência, certamente o
progresso deste país seria mais rápido do que se imagina. Educação
científica de base para os nossos jovens, que serão os futuros
políticos, seria a principal estratégia para uma ação de longo prazo”,
diz a carta. Leia a íntegra em http://scim.ag/NextGen5Results
De
acordo com Guilherme, essa educação poderia ser feita por meio da
aproximação de alunos do ensino fundamental e médio, a partir dos 12
anos, com laboratórios universitários e estudantes de pós-graduação. “Em
princípio poderia haver ajuda do governo para que os pós-graduandos
pudessem, junto com os professores, dar aulas semanais para alunos das
escolas, trazê-los para nossos laboratórios e complementar a formação
com experimentos”, explica.
Essas ideias tomaram
forma a partir de sua experiência como pesquisador visitante da
Universidade da Califórnia (EUA), em 2005. “Lá, voluntariamente
doutorandos iam para escolas de áreas mais carentes e davam palestras
sobre ciência. Aqui no Brasil formamos 10 mil doutorandos por ano.
Imagine se eles tivessem acesso direto às escolas por meio de projetos
de extensão”.
Guilherme acredita que esse contato
poderia mudar a compreensão da importância da ciência em todo país. “O
Brasil é excelente produtor em diversas áreas, mas não compete em
ciência porque a massa crítica é muito pequena. Precisamos fomentar
discussões desde cedo, fazendo as crianças se perguntarem: "O que é o
bóson de Higgs?". Ou: "Por que vemos a lua?”, exemplifica.
Reprodução |
A expectativa do pesquisador e de outros colegas da UnB é que o governo se sensibilize para financiar e organizar este tipo de ação. “Não dá para medir impacto ainda, mas a gente espera que a (presidenta) Dilma Rousseff ouça e esse se torne um projetinho nas escolas”, brinca Guilherme. “Em termos de repercussão, as três maiores revistas do mundo são a Science, a Nation e o New England Journal. A gente comemorou quando a carta dele foi aprovada. É um fato realmente importante”, completa o diretor do Laboratório de Farmacologia Molecular da UnB, Francisco Neves.
Guilherme Santos é graduado em Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, mestre e doutor em Patologia Molecular pela UnB. Fez doutorado sanduíche com passagem na Universidade de Cergy-Pontoise e Inserm-Paris. Realizou pós-doutorado no Medical Medical Research Council-Laboratory of Molecular Biology (MRC-LMB), Cambridge, e na Universidade de Leicester, Inglaterra. Atua principalmente em estudos de interação proteina-DNA, receptores nucleares e cromatina. É professor da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB.