Quarta,
9 de janeiro de 2012
Por
Ivan de Carvalho
O PT do Rio Grande do Sul está
novamente rebelado.

Mas não foi
possível fechar o acordo. O PT do Rio Grande do Sul estrilou. Achava um absurdo
o espaço que se estava dando ao PMDB e, mais importante ainda, queria um bom
espaço para o próprio PT gaúcho no governo. O presidente Lula cedeu, desistiu
do acordo com o PMDB da Câmara, que ficou na oposição durante seu primeiro
mandato e partiu, por intermédio de José Dirceu, seu ministro-chefe da Casa
Civil, para cooptar partidos que lhe dessem base parlamentar, especialmente na
Câmara dos Deputados, e que acabaram se envolvendo no escândalo do Mensalão.
Agora, o PT
gaúcho está novamente em pé de guerra. São dois os seus principais líderes. Um,
o governador Tarso Genro. Há poucos dias, saiu de seus cuidados para declarar
que o PT já fez tudo que podia pelos petistas condenados no caso do Mensalão
pelo Supremo Tribunal Federal (falta a sentença transitar em julgado). O
partido, sustenta o governador Tarso Genro, já deu toda a solidariedade que
podia dar. E agora chega, está na hora de botar a viola no saco e ir cuidar da
vida.
O outro dos dois
principais líderes é o ex-governador Olívio Dutra, também ex-ministro das
Cidades no governo Lula. Em um programa ao vivo na Rádio Guaíba, de Porto
Alegre, na segunda-feira, Olívio Dutra criticou José Genoino, ex-presidente
nacional do PT, por haver assumido, como suplente, o mandato de deputado
federal por São Paulo depois de condenado a seis anos e 11 meses de prisão pelo
STF no processo do Mensalão.
Genoino se disse
“tranquilo” e defendeu sua posse. Lembrou que, logo condenado, deixou o cargo
público de assessor especial do Ministério da Defesa, mas argumentou que no
caso de assumir o mandato, é diferente – “Os eleitores me delegaram o mandato
de suplente (sic). O princípio da democracia diz que o poder emana do povo”,
afirmou.
De qualquer
sorte, parece que o PT gaúcho está desgarrado da posição do comando nacional do
PT. Bem como da quase totalidade das outras seções estaduais petistas no que
diz respeito à atitude do partido em relação aos resultados do julgamento do
Mensalão (Ação Penal 470) e ao comportamento de alguns réus petistas
condenados, notadamente José Dirceu e José Genoino. Se ao invés do governador e
ex-ministro da Justiça Tarso Genro e do ex-governador e ex-ministro das Cidades
Olívio Dutra fossem oposicionistas ou simplesmente não petistas que dissessem o
que eles disseram (principalmente Olívio Dutra), as redes sociais da Internet
estariam, com certeza, em ebulição com a ira dos internautas petistas.
Olívio Dutra criticou ainda o que chamou de
“más companhias” do PT e o aparelhamento do Ministério das Cidades. E disse
também: “Nem Genoino nem Dirceu tiraram dinheiro pra si, mas possibilitaram que
outras figuras usassem o dinheiro público para negociatas e outras práticas que
mancham a atividade política. O PT está tendo que se explicar sobre práticas
que os inimigos costumavam se explicar”.
Genoíno defendeu-se: “Não fiz
prática criminosa enquanto fui presidente do PT. Os dois empréstimos que
avalizei estavam registrados no TRE e foram respondidos judicialmente pelo
partido (!!!). Em relação ao julgamento do STF eu respeito, mas não tem nada
definitivo. Quando elas forem, eu as cumprirei, mesmo que eu discorde. Isto faz
parte da democracia”.
Boa temática para os internautas do
PT debaterem nas redes sociais.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de
Carvalho é jornalista baiano.