Quarta, 27 de março de 2013
Goyatla
(Jerônimo) 1829-1909- Líder apache da tribo Chiricahua.
Por Vicente
Vecci*
A
colonização americana dizimou e pilhou nações indígenas em todo o continente. Os espanhóis chegaram a
destruir civilizações como as dos incas e astecas no México e América do Sul e
os europeus na América do Norte. Os desbravadores em sua maioria aventureiros de
origem latina, vieram em busca de riquezas como o ouro. Já os europeus tiveram objetivo de colonização com ocupação
de terras e desbravamento de regiões até
então inóspitas pelo mundo civilizado. Tudo isso com o ônus e sacrifícios de povos autóctones
que foram expulsos de suas terras. Alguns resistiram e deram trabalho à sanha
colonizadora. Nessa luta despontaram líderes nativos que se destacaram na arte
bélica nessa resistência que às vezes deparava com propostas pacificadoras dos
adversários que depois não foram cumpridas. Tratados de paz com nações
indígenas eram firmados na boa fé, e posteriormente descumpridos. Daí veio a
desconfiança que por sua vez provocou ações violentas de ambos os lados. Alguns
lutando por ideologia e outros por pilhagens e riquezas. O líder apache da
tribo Chiricahua batizado de Goyatla e apelidado pelos brancos de Jerônimo,
liderou por muitos anos esse povo contra a opressão colonizadora.
Na
sua juventude era um rapaz ordeiro com habilidades de guerreiro. Cuidava das
obrigações na sua tribo que ocupava uma área no estado norte-americano do Arizona
na fronteira com o México. Morava com sua esposa, a mãe e filhos. Tinha uma
vida sem atropelos até que um dia veio a fatalidade que mudou o seu destino,
tornando-o um dos principais líderes de
seu povo e da história. Era num final de semana e juntamente com seus
companheiros foram até um povoado mexicano levar seus produtos artesanais para
vender aos brancos numa feira. Deixaram na aldeia mulheres, crianças e idosos.
Quando voltaram, depararam com a tragédia. Soldados mexicanos haviam promovido
um massacre, vitimando essas pessoas indefesas. Daí veio o sentimento de vingança,
porém com ação planejada por Goyatla. O forte que abrigava esses soldados
mexicanos não ficava longe da sua aldeia e armou-se uma tocaia dentro de uma
floresta na margem de rio com barrancos em declive que permitiam esconderijos.
Era num domingo e no forte um padre celebrava missa em homenagem ao dia de São
Jerônimo, comungando esses soldados.
Alguns guerreiros foram até os muros do forte e provocaram os soldados com
objetivo de atraí-los para fora. Deu certo e fugiram até o ponto da tocaia onde
iniciou-se uma sangrenta batalha. Na
peleja, Goyatla depois de eliminar alguns adversários, perseguia dentro d’agua
um soldado com a machadinha em punho. E no desespero o soldado gritava:
valei-me São Jerônimo! Acode-me São Jerônimo! Seus companheiros ouviram esse grito
e deduziram que ele estava chamando Goyatla de Jerônimo. E quando terminou a
batalha gritaram bem alto e bom som, repetindo vários vezes: Jerônimoo! Daí a
origem de seu apelido cristão.
Viveu
80 anos e durante sua jornada de lutas nunca fora capturado, sempre negociava e
se entregava. Dizem que suas táticas de guerrilha foram copiadas por Ernesto
Che Guevara durante a revolução cubana. Atacavam em grupos e depois se
separavam. Se houvesse captura seria somente de um guerreiro, deixando o resto
do grupo ileso que se reuniam posteriormente para novas ações. Antes de morrer
ditou sua autobiografia.
*Vicente Vecci é editor do Jornal do
Síndico
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