Sexta,
1 de março de 2013
Por
Ivan de Carvalho

Nas proximidades, passam pelo mesmo vexame
Jaguarari, Itiúba (onde o grande açude de Jacurici está apenas com sete por
cento de seu volume normal de água, o que atende apenas aos sapos, pois até
mesmo os pescadores jovens emigraram para as margens do lago de Sobradinho).
Os três
municípios citados e mais Filadélfia e Ponto Novo estão, todos eles, usando a
água da barragem de Ponto Novo, que já está escasseando, daí haver sido
interrompido o fornecimento para irrigação – coisa que bem antes já acontecera
com o Açude de Jacurici, em Itiúba.
O governo do Estado, reconheça-se, gastou dezenas
de milhões de reais para implantar adutoras do manancial de Ponto Novo para o
próprio Ponto Novo, Filadélfia, Itiúba, Senhor do Bonfim e Juguarari, mas essa
rede está inacabada, razão pela qual, na emergência, foi agora autorizada, sem
licitação, as obras de conclusão dessa rede de distribuição de água.
Não há razão aparente para se apontar erro nessas
providências, salvo, talvez, o de não já haver sido concluída a rede de
adutoras, já que a seca é um fenômeno reconhecidamente reincidente e a seca
atual está aí há alguns anos, a mais inclemente de muitas décadas, como
proclamam as próprias autoridades.
Há, no entanto, outra questão. Trata-se do
Projeto Eixo Sul, que vem sendo defendido, entre outros, pelo deputado Luciano
Simões, líder do bloco PMDB-DEM na Assembléia Legislativa. Uma vez executado,
levará água do São Francisco para a maior parte da região semiáridas da Bahia e
ainda servirá amplamente o semiárido de Sergipe.
O deputado chama a atenção para o excelente custo-benefício
da obra. Seu orçamento é de R$ 3. 800 milhões, realmente muito baixo quando se
tem em conta os resultados planejados. Trata-se de “obras de segurança hídrica
de uso intermitente, integradas com disponibilidade local e voltadas a
potencializar as mesmas no contexto do uso racional das águas e a minimização
de custos”, explica o deputado do PMDB.
Colocando em termos leigos, isso significa
principalmente que só serão acionadas as bombas e retirada água do rio São
Francisco quando e para onde isso for necessário. Isso minimiza os custos
quanto a retirada de água do manancial doador, o Velho Chico. E os benefícios alcançarão uma população de 4
milhões de pessoas, o que não é coisa que se deva deixar prá lá.
O sistema é bem simples. Bombas retiram água do
São Francisco e ela é levada às nascentes dos rios Macururé, Itapicuru, Vaza-Barris,
Jacurici e Jacuípe, deixando-se que a força de gravidade faça o trabalho de
perenizar todos eles. Se um ou dois desses rios estiver precisando de água e os
outros não, será bombeada água apenas para onde ela for necessária. Poupança de
água, energia, equipamento e mão de obra.
A opinião do repórter é que este sistema é muito
mais importante (e custa muito menos) que – dada a devida venia do escritor – a
Ponte João Ubaldo Ribeiro.
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Este artigo foi publicado
originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.