Domingo, 5 de maio de 2013
Da Veja
Renan Calheiros, Aécio Neves e Agnelo Queiroz têm ao seu lado uma rede de militantes que só existem na internet - e na imaginação dos marqueteiros
Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
Renan Calheiros, Agnelo Queiroz e Aécio Neves: militância fictícia na rede
(Sergio Lima/Folhapress e Breno Fortes e Charles Silva Duarte/O Tempo/AE )
Experimente buscar pela hashtag #Agnelo_Queiroz no Twitter. Surgirão
dezenas de mensagens de apoiadores do governador petista do Distrito
Federal. Por que um gestor questionado por sua atuação pífia e por
ligações com infratores tem tanta popularidade na internet? Já Renan
Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, sabe que não reuniria muitos
apoiadores se convocasse um protesto a seu favor. Mas, na rede, a
opinião parece mais equilibrada. Uma simples busca pelo nome do
peemedebista em caixas de comentários deixará a impressão de que o
senador possui um heterogêneo e extenso grupo de apoio.
Desde que voltou ao comando do Congresso, em fevereiro, o senador Renan
Calheiros tenta refazer sua imagem. O esforço passa por uma estratégia
de guerrilha virtual. Na última sexta-feira, por exemplo, um deles
tentava neutralizar os impactos da notícia de que os garçons de Renan
recebem 18 000 reais por mês do Senado: "Eu sou garçom e sei que é
possível ganhar uma grana dessa! Bom é o Renan Calheiros, que reconhece
isso!". A ocupação de espaços destinados aos leitores em portais
jornalísticos também é parte essencial da estratégia.
O gabinete de Renan tem um histórico de parceria com P&P
Inteligência de Marketing, do publicitário Wilmar Soares Bandeira. Ele é
ex-secretário de Comunicação do governo de Alagoas e trabalhou na
campanha eleitoral de Renan em 2010. A empresa recebeu 244 000 reais
desde novembro de 2010. Wilmar tem uma justificativa um tanto suspeita:
diz que sai pela internet produzindo comentários em nome de Renan
simplesmente porque gosta do senador. E por que usar nomes falsos? "Eu
gosto de fazer comentários; e às vezes você até dá um nome qualquer",
tenta explicar. O empresário afirma que não presta serviços a Renan
desde setembro.