Sexta, 17 de maio de 2013
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Ex-camisa 9 do Atlético-MG e do Internacional diz que futebol não é
prioridade para ser bancado com dinheiro público e lamenta decadência
técnica dentro de campo
“Eu tenho propriedade para falar o que eu falo e o povo tem que me
ouvir e me respeitar, se não vai ficar contra os números. E quem fica
contra números é burro”.
Dadá Maravilha começou a entrevista incisivo como um cabeceio
certeiro que se tornou sua marca registrada. Dos 926 gols que fez em 20
anos de jogador profissional, 499 gols foram de cabeça. Como ele gosta
de lembrar é dele o recorde de gols de cabeça na história do futebol.
“A cabeça tem dois olhos, aí fica fácil de acertar né?”, brinca.
Igualmente diretas são suas críticas aos preparativos para a
realização da Copa do Mundo no Brasil. “Belo Horizonte, por exemplo,
para pensar em Copa do Mundo, acho que precisa pensar primeiro em metrô,
pensar na saúde, na educação. E assim é no Brasil também. O negócio tá
feio no Brasil. Tá feio, feio, feio…”, diz.
Dadá também usa a cabeça para criticar dirigentes, dizer que o
futebol não é prioridade para o país e que se desiludiu com a Seleção
Brasileira. Amparado na experiência acumulada na carreira (tricampeão do
mundo em 1970, campeão brasileiro com o Atlético-MG, bicampeão
brasileiro com o Internacional, campeão estadual com Sport, Náutico,
Santa Cruz, Nacional-AM e Goiás), critica a qualidade técnica do jogo de
hoje e diz que os atletas treinam pouco.
“Se eu jogasse hoje eu ia ganhar por baixo uns quatro milhões e ser
artilheiro com 40, 45 gols no Brasileirão”, reflete o ex-camisa 9. Leia a
entrevista abaixo.
O que você acha do Brasil receber a Copa do Mundo? Como você está avaliando isso?
Bom, eu como brasileiro estou super feliz. Agora, como entendedor de
futebol e um pouco como uma pessoa que entende o que é uma pátria, eu
não vejo o Brasil em condições normais de sediar uma Copa do Mundo. E eu
estou muito preocupado com o trânsito, com os hotéis, com a
infraestrutura que é necessária para a Copa do Mundo e para a própria
vida do país. A vaidade, o que é normal mesmo do brasileiro, a minha
vaidade como brasileiro de sediar uma Copa do Mundo está muito grande.
Mas eu não tenho expectativa nem do Brasil ser campeão e nem do Brasil
se dar bem na organização. Tomara que o Dadá esteja totalmente enganado…