Sábado, 18 de maio de 2013
Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia.
Tem dias em que, quando vejo matérias em jornais ou sites tradicionais, sinto raiva por estarem querendo manipular os leitores. Como exemplo, nesta quarta-feira, 15 de maio, certo veículo de mídia publicou o trecho de uma matéria extensa, que é reproduzido a seguir e servirá de base para uma análise. Aliás, as matérias da maioria dos veículos deste dia quase não diferiram. Sobre esta unanimidade, Nelson Rodrigues diria que foi burra e eu digo que foi suspeita.
Tem dias em que, quando vejo matérias em jornais ou sites tradicionais, sinto raiva por estarem querendo manipular os leitores. Como exemplo, nesta quarta-feira, 15 de maio, certo veículo de mídia publicou o trecho de uma matéria extensa, que é reproduzido a seguir e servirá de base para uma análise. Aliás, as matérias da maioria dos veículos deste dia quase não diferiram. Sobre esta unanimidade, Nelson Rodrigues diria que foi burra e eu digo que foi suspeita.
Em respeito ao leitor, busco mostrar a manipulação que estão
querendo impor. A vantagem de se ler um dos jornais tradicionais no
Brasil é que se pratica, ao mesmo tempo, o “jogo de vários erros”.
Caso exemplo – Matéria retirada da mídia existente
“A 11ª rodada da ANP, realizada nesta terça-feira (14/5),
terminou com 142 blocos arrematados (dos 289 ofertados), um crescimento
de 100 mil m² na área exploratória em concessão no Brasil. Os números
serão confirmados com assinatura dos contratos, o que também
representará o pagamento de R$ 2,8 bilhões na forma de bônus de
assinatura, a serem recolhidos pela União.”
“Para as concessões em águas rasas e profundas, o compromisso
médio de conteúdo local é de 39% para a fase de exploração e de 62% para
o desenvolvimento das reservas. Em terra, a nacionalização das demandas
deverá atender a índices de 77% na exploração e 85% no
desenvolvimento.”
Erros
(1) É citado “um crescimento de 100 mil m² na área exploratória
em concessão no Brasil”. O leitor é levado a acreditar que isto é um
fato positivo. Mas não é, porque o mesmo contrato, que dá o direito de
buscar o petróleo, entrega um eventual reservatório descoberto à mesma
empresa para produzir em condições desfavoráveis para a sociedade
brasileira.
(2) É mencionado que o bônus, que será arrecadado no ato da
assinatura dos contratos, será de R$ 2,8 bilhões. O leitor pode pensar
que se trata de excelente negócio. Mas, não é citado que este valor
corresponde, em média, a somente 0,1% da receita obtida com o petróleo a
ser descoberto no bloco.
(3) Várias percentagens são citadas mostrando o compromisso de
compras locais das concessionárias, o que deve levar o leitor a pensar
que a indústria e a prestadora de serviços local estarão protegidas. A
notícia não diz que, se uma concessionária quiser não cumprir o que
prometeu, poderá e, somente, pagará uma multa baixa.
(4) A matéria não fala que o superlucro da atividade (cerca de
50% da receita bruta) será todo canalizado para as empresas, não sendo
destinada nenhuma parcela para um fundo social, como existe na lei da
partilha. A notícia não diz que a lei das concessões, que regerá os
contratos a serem assinados nesta rodada, é extremamente danosa para
nossa sociedade. Só destina para a sociedade 10% da receita bruta, na
forma de royalties, e mais nada.
(5) A notícia não esclarece que a Petrobras quase não entrou
como operadora nos consórcios, o que deve ser entendido como
significando baixas compras no país. As empresas estrangeiras não têm a
tradição de comprar no país.
Quanto mais o material jornalístico se aprofundar em não dizer o
importante e ser exagerado no supérfluo, mais é necessário que o leitor
seja alertado. Este não pode saber o que não é publicado, mas pode
começar a procurar outras visões para cada tema. Os jornais alternativos
e os eletrônicos e alguns sites podem ajudar muito na libertação.
Veiculado originariamente Monitor Mercantil
Veiculado originariamente Monitor Mercantil