Sábado, 10 de agosto de 2013
Documentos do tribunal de contas e do
ministro público revelam que há cinco anos os tucanos paulistas foram
alertados sobre as irregularidades no metrô e trens de São PauloAlan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
E AGORA?
Alckmin (à esq.) e Serra foram avisados sobre o propinoduto
Desde a eclosão do escândalo de pagamento
de propina e superfaturamento nos contratos da área de transporte sobre
trilhos que atravessou os governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo
Alckmin, os tucanos paulistas têm assumido o comportamento de outra ave,
o avestruz. Reza a crença popular que, ao menor sinal de perigo, o
avestruz enterra a cabeça no chão para não enxergar a realidade. Não foi
outra a atitude do tucanato paulista nos últimos dias. Como se
estivessem alheios aos acontecimentos, líderes do PSDB paulista alegaram
que nada sabiam, nada viram – e muito menos participaram. Documentos
agora revelados por ISTOÉ, porém, provam que desde 2008 tanto o
Ministério Público como o Tribunal de Contas vem alertando os seguidos
governos do PSDB sobre as falcatruas no Metrô e nos trens. Apesar dos
alertas, o propinoduto foi construído livremente nos últimos 20 anos.
Além dos documentos agora divulgados, investigações anteriores já
resultaram no indiciamento pela Polícia Federal de 11 pessoas ligadas ao
partido. No entanto, questionado sobre o cartel montado por
multinacionais, como Siemens e Alstom, para vencer licitações, o
governador Geraldo Alckmin jurou desconhecer o assunto. “Se confirmado o
cartel, o Estado é vítima”, esquivou-se. Na mesma toada, o seu
antecessor, José Serra, declarou: “Não tomamos em nenhum momento
conhecimento de qualquer cartel feito por fornecedores e muito menos se
deu aval a qualquer coisa nesse sentido”. As afirmações agridem os
fatos. Os documentos obtidos por ISTOÉ comprovam que os tucanos de São
Paulo, além de verem dezenas de companheiros investigados e indiciados,
receberam no mínimo três alertas contundentes sobre a cartelização e o
esquema de pagamento de propina no Metrô. Os avisos, que vão de agosto
de 2008 a setembro de 2010, partiram do Ministério Público estadual e do
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). Nos três casos, os
documentos foram encaminhados aos presidentes das estatais, nomeados
pelo governador, e publicados no Diário Oficial.
Fonte: Revista IstoÉ — Edição: 2282