Domingo, 4 de agosto de 2013
Do Diário do Centro do Mundo
O desaparecimento do pedreiro da Rocinha é resultado de uma sociedade violenta e desigual.
O sumiço de Amarildo de Souza, servente de pedreiro, levado
por policiais de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, é
o retrato de uma sociedade desigual que tolera a violência policial que
recai contra as classes sociais mais baixas.
Há fortes indícios de que ele tenha sido morto por
policiais. As câmeras de segurança da base não funcionavam no dia, assim
como o GPS dos carros também, coincidentemente, quebraram.
O fato de recair na polícia a suspeita desse homicídio
causa indignação, mas não surpresa. Afinal, os heróis do Rio são os
membros do Bope que, sugestivamente, usam como símbolo o crânio de uma
caveira com uma faca enfiada e que têm um blindado que se chama
“caveirão”.
A polícia sempre matou e a sociedade sempre aplaudiu.
O sinal da sordidez de nossa PM é que ninguém, com um
mínimo de senso de ridículo, é capaz de dizer que um soldado não seria
capaz de matar e desaparecer com o corpo de uma pessoa inocente.
O que é preciso dizer é que essa sordidez não é a
degradação de uma instituição que saiu do controle — ao contrário, ela
decorre de uma sociedade desigual e violenta. Em suma, a polícia sempre
fez o que a sociedade quis que ela fizesse.