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(Millôr Fernandes)

domingo, 4 de agosto de 2013

''Dúvidas sobre a morte de Jango só aumentam''

Domingo, 4 de agosto de 2013
Do Instituto Humanitas Unisinos

Entrevista especial com Lucília de Almeida Neves Delgado

“Se Jango de fato morreu de um problema cardíaco, por que não se fez a exumação e a biopsia? Por que essa resistência tão grande de anos e anos para se analisar seus restos mortais? A ausência de autópsia é mais um dado que sugere que sua morte não foi natural, porque se tivesse sido natural, para o respaldo do próprio governo militar à época, deveria ter sido feita a exumação de seu corpo”, avalia a historiadora.
     Foto de www.rededemocratica.org
Confira a entrevista.

A falta de “explicações sólidas” sobre a morte do ex-presidente João Goulart, fez dele o “político mais injustiçado da história do Brasil”, assinala Lucília de Almeida Neves Delgado em entrevista concedida à IHU On-Line, após comentar o documentário Dossiê Jango, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle. Ao analisar o filme à luz da História, Lucília, que há anos dedica-se à pesquisa sobre os fatos políticos do período militar, enfatiza que ele “reforça exatamente a construção de mais evidências sobre o possível assassinato de João Goulart”. Segundo ela, “de todas as pessoas que se envolveram na procura de provas e evidências sobre a morte de Jango, 18 morreram. Entre elas os políticos uruguaios Zelmar Michelini e  

Gutierrez Ruiz, que eram amigos do Jango e estavam investigando a morte dele. Também o empresário Enrique Foch Diaz, que mais conseguiu reunir muitas informações sobre a morte de Jango e escreveu um livro intitulado Jango: um crime perfeito, faleceu pouco tempo depois de publicado o livro”. E dispara: “Ficamos pensando: o que aconteceu para que todas essas pessoas, de uma forma ou de outra, fossem falecendo? A maioria por problemas cardíacos e alguns em decorrência de acidentes de carro. São coincidências muito estranhas, e as indagações sobre a morte de Jango só aumentam”.

De acordo com Lucília, Jango poderia ter retornado ao Brasil em 1974, dois anos antes de sua morte, período em que seu processo de cassação havia expirado. “Não havia mais razão legal para que ele continuasse no exílio e excluído da vida pública nacional. Uma interpretação que tem ganhado força é a de que com a distensão do regime, seguida de possíveis pleitos eleitorais, João Goulart e outros líderes políticos do pré 1964 poderiam se candidatar a algum cargo público. Como o governo militar não assimilava seu retorno à ativa, a opção teria sido  a de eliminá-los”, esclarece. E acrescenta: “havia um temor do governo de que lideranças excluídas em 1964 e que estavam no exílio voltassem para o Brasil com uma força muito grande. Esse temor era maior especialmente no caso dos ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, ambos mortos em 1976”.

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