Quarta, 2 de abril de 2014
Do Portal Notibras
Felipe Meirelles
Retaliação provoca retaliação. Agnelo Queiroz subestimou a força
da Justiça e agora vai ter de prestar contas ao Supremo Tribunal
Federal. Se o presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, decidir
fechar o cerco, como sinalizou nesta terça-feira 1º de abril, o
governador do Distrito Federal pode começar a contar os dias em que
permanecerá em liberdade. Na melhor das hipóteses, passará um bom
período trancafiado, a exemplo do seu antecessor José Roberto Arruda.
Essa é a opinião manifestada por analistas e cientistas políticos, ao
avaliarem a o ato de Joaquim Barbosa, mandando que Agnelo Queiroz e
todas as autoridades do sistema penitenciário da capital da República
acabem com as regalias a presos do mensalão, conforme denúncia do
Ministério Público.
O ministro do Supremo acusou o ocupante do Palácio do Buriti a agir
com desdém, ao colocar sob suspeição o trabalho do juiz Bruno Ribeiro,
da Vara de Execuções Penais, que cobrou do governador medidas energias
para acabar com as mordomias oferecidas aos petistas presos na Papuda.
Segundo Joaquim Barbosa, o governador deu “indicação clara de sua
falta de disposição para determinar a apuração dos fatos narrados”.
Agnelo teria tentado ganhar tempo, ao pedir que o juiz Bruno Ribeiro
fosse investigado. Mas, na opinião do presidente do Supremo, o titular
da Vara de Execuções Penais ‘agiu no estrito cumprimento da delegação’
conferida pelo próprio STF.
O presidente do Supremo foi enfático em seu despacho, recebido no
gabinete de Agnelo como um verdadeiro petardo: “Note-se que as
irregularidades encontram minimamente suporte probatório, inexistindo
qualquer razão para a inação dos órgãos responsáveis em apurar e
suprimir as aparentes regalias com que vêm sendo beneficiados os presos
condenados nos autos da AP 470. Ao deixar de prestar informações
solicitadas pelo juízo delegatório, o governo do Distrito Federal
contribui para que as ilegalidades se perpetuem”, afirmou Joaquim
Barbosa.
Na verdade, a guerra está declarada. Agnelo agora terá de acionar
seus advogados para que protelem ao máximo as inúmeras ações que
tramitam na Justiça Federal. Entre os processos que mais preocupam o
governador estão as denúncias envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira;
a corrupção no Ministério dos Esportes, denunciada pelo soldado João
Dias; e as benesses oferecidas a laboratórios farmacêuticos com os quais
o governador teria supostos vínculos quando estava na Anvisa.
Felipe Meirelles